quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Ourém

País: Portugal
Concelho: Ourém

A cidade de Ourém situa-se a 65 km a norte de Santarém, sede de distrito, na zona de transição entre o Ribatejo e o distrito de Leiria.
O concelho é constituído por 13 freguesias e está limitado pelos municípios da Batalha, Leiria, Pombal, Alvaiázere, Ferreira do Zêzere, Tomar, Torres Novas e Alcanena.
Está localizado maioritariamente numa planície, com o seu ponto mais elevado no cabeço de Ourém. O concelho desenvolve-se entre a vertente norte da serra de Aire, a plataforma de Fátima a oeste e o rio Nabão a leste.

A presença humana no concelho remonta a tempos pré-históricos, revelando ao longo dos períodos posteriores um elevado índice de ocupação.
O seu burgo nasceu e cresceu no elevado morro onde se situa o castelo, alcandorada numa eminência de difícil acesso no meio dum extenso e profundo vale.
Em 1037, o castelo muçulmano foi conquistado pelo rei Fernando Magno de Leão e Castela e reconquistado em 1136 por Dom Afonso Henriques, doando-a à sua filha Dona Teresa. 
Em 1142 o nome de Auren aparece documentado pela primeira vez, no primeiro foral de Leiria.
Em 1159 aparece a referência ao lugar portum Ourens.
Em 1180 recebeu carta de foral de Dona Teresa, tornando-se um dos primeiros concelhos de Portugal.
Por volta de 1350, Dom Pedro I eleva Ourém à categoria de Condado e atribui o título a Dom João Afonso Tello de Menezes. Nessa altura, o concelho já se equiparava, em termos populacionais a Torres Novas ou a Pombal.
Em 1384 Dom João I nomeia Dom Nuno Álvares Pereira, Conde de Ourém. Este, doa o Condado em 1422 a seu neto Dom Afonso. É nesta época que o concelho vive o seu período áureo, graças ao empenho do IV Conde de Ourém.
Em 1460, com a morte de Dom Afonso Conde de Ourém, a donatária do burgo passou a ser a Casa de Bragança.
No século XVIII, devido às dificuldades de acesso, a povoação descaiu para dar lugar a um novo povoado. A vila nova chama-se então Aldeia da Cruz, por ter ela surgido junto à cruz de pedra mandada erguer por Dom Nuno Alvares Pereira, em memória de seu irmão Pedro que morreu em Aljubarrota combatendo integrado nas hostes do rei de Castela.
Em 1826, a cabeça de concelho passou para a atual sede.
Em 25 de Setembro de 1841, por decisão de Dona Maria II, a Aldeia da Cruz foi elevada a sede de concelho e à categoria de vila com a designação de Vila Nova de Ourém.
Em 1991, assiste-se à unificação da Vila Velha e Vila Nova de Ourém e à respectiva elevação a cidade passando a chamar-se Ourém. 

domingo, 27 de setembro de 2015

Mosteiro de Alcobaça

País: Portugal
Concelho: Alcobaça
Freguesia: União das Freguesias de Alcobaça e Vestiaria

Praça 25 de abril, Alcobaça.
A Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça está classificada como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO desde 1989.
Foi fundado em 1166, em cumprimento do voto de doação feita por Dom Afonso Henriques aos Cistercienses, aquando da conquista de Santarém aos mouros. A obra ficou concluída em 1223.
É a mais pura e majestosa abadia que os monges de Cister ergueram em toda a Europa.
Depois da extinção das ordens religiosas de Portugal, em 1834, o mosteiro foi ocupado por parte de várias instituições da cidade e pelo poder laico, que instalou neste espaço todo o tipo de instituições, desde tribunais, bases militares, matadouro a lar de idosos.
A igreja é considerada a maior de Portugal.
No transepto encontram-se duas das maiores obras-primas da escultura portuguesa, os túmulos de Dom Pedro e Dona Inês, duas sumptuosas joias da escultura e estatuária, datados de 1361 (Dona Inês) e 1367 (Dom Pedro). Os túmulos estão colocados um em cada braço e um em frente ao outro, por ordem do monarca, para que a primeira coisa que visse no Juízo Final fosse a sua amada.
O claustro de Dom Dinis, também conhecido por Claustro do Silêncio, é o claustro principal do mosteiro, mandado construir em 1308 pelo rei Dom Dinis. Atrai a elegância da arte gótica nas austeras galerias e arcos duplos, de acordo com a regra cisterciense da austeridade.

Ferreira do Zêzere

Portugal \ Santarém \ Ferreira do Zêzere \ Ferreira do Zêzere

Ferreira do Zêzere é uma vila ribatejana, sede de concelho, situada a 84 km a nordeste de Santarém, capital do distrito, sensivelmente no centro do país.
Ocupa a chapada de um outeiro, a 347 metros de altitude, na margem da albufeira de Castelo do Bode, rodeada por uma paisagem com algum relevo composto por maciços calcários. A presença de extensas áreas florestais, em consequência de alguma deficiência do ordenamento territorial, marca presença nas encostas e é alvo de incêndios frequentes.

Em 1159, as suas terras foram doadas por Dom Afonso Henriques ao templários. Até esta data pertenciam ao Castelo de Ceras.
Em 1190, Dom Sancho I doou a um dos seus guerreiros, Pêro Ferreira, uma herdade em Vale de Orjaes, que aquele povoou e que mais tarde veio a constituir o morgado de Águas Belas.
Em 1220, Dom Afonso II oferece as propriedades de Vale de Orjaes e de Vila Verde, que incluíam a herdade de Ferreira, ao seu homem de confiança, Pêro Ferreira.
No ano de 1222, Pêro Ferreira e sua esposa Maria Vasques, deram carta de foral aos povoadores da sua herdade que assim passou a chamar-se Villa Ferreira.
Em 1225, Pêro Ferreira deixa em testamento as suas propriedades e Villa Ferreira à Ordem do Templo.
Em 1319, a Ordem do Templo cede à Ordem de Cristo, Vila de Rei e Ferreira que constituem uma só comenda.
Em 1362, Dom Nuno Rodrigues, mestre da Ordem de Cristo, colocou a primeira pedra para a construção de um paço em Ferreira.
Em 1453, o comendador Dom Gonçalo de Sousa manda reconstruir a Igreja de São Miguel.
Em 1505, Ferreira é separada da comenda de Vila de Rei.
Em 1515, Dom Manuel I concede foral à vila de Ferreira.
Em 1531 foi elevada a vila por Dom João III.
Em finais do século XVI foi atingida por uma grande peste.
No século XIX foi invadida pelas tropas napoleónicas.
Foi também no século XIX que se mudou o nome para Ferreira do Zêzere, de modo a evitar a confusão com outras terras do mesmo nome.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Dornes

País: Portugal
Concelho: Ferreira do Zêzere
Freguesia: Nossa Senhora do Pranto

Dornes é uma aldeia ribatejana situada a 13 km a norte de Ferreira do Zêzere.
Está disposta numa língua de terra sobre o Zêzere, rodeada por uma bela paisagem harmoniosa, feita de água, onde os habitantes ainda viajam nos pequenos barcos de três tábuas.
Desde o século XX que a localidade está mais estreita, altura em que foi construída a barragem de Castelo de Bode, criando uma albufeira que fez alargar as margens de uma ribeira afluente do Zêzere que corre paralelo ao rio.
Quando a maré baixa é possível ver os vestígios das casas de Dornes que foram submersas para que a barragem fosse possível.

Em 28 de janeiro de 2013 a sua freguesia foi extinta, passando nesta data a pertencer à então nova freguesia de Nossa Senhora do Pranto.

Igreja Matriz de Dornes

País: Portugal
Concelho: Ferreira do Zêzere
Freguesia: Nossa Senhora do Pranto

Rua de Nossa Senhora do Pranto, Dornes.
Templo dedicado a Nossa Senhora do Pranto ou das Dores.
Mandada construir em 1285 pela rainha Santa Isabel. Conta a tradição popular que as gentes da região andavam preocupadas com um choro que se ouvia vindo da serra. Guilherme de Pavia, homem de inteira confiança da esposa de Dom Dinis expôs o caso à rainha santa, que mostrando saber o que se passava, por conhecimento divino, disse ao seu feitor para voltar à serra e procurar sem medo. A origem do choro foi encontrada: uma senhora carpia a sua dor pelo filho que levava morto nos braços. Recolheram-na e deram-lhe o nome de Nossa Senhora das Dores ou do Pranto. Os habitantes de uma localidade vizinha tentou leva-la, mas o carro de bois que deveria transportar a imagem recusou-se a andar. As pessoas interpretaram a recusa dos animais como um sinal divino. Assim, a imagem acabou por ser levada para Dornes, onde foi construído um orago em sua homenagem e onde, todos os anos, se celebra uma curiosa romaria: as 38 paróquias vizinhas vão, uma por cada semana, em visita à localidade.
Da primitiva construção gótica não restam vestígios, exceto as legendas e inscrições mencionadas.
Em 1543 a igreja foi reconstruida. 
O interior, coberto por abóbada de caixotões, conserva altares de talha dourada (séculos XVII e XVIII), azulejos barrocos, um púlpito datado de 1544 e uma pintura com o escudo da rainha Santa Isabel.
Junto à igreja encontra-se uma torre pentagonal que serve de torre sineira ao templo religioso. A sua construção é atribuída aos Templários mas poderá remontar ao período romano.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Torre do Ladrão Gayão

País: Portugal
Concelho: Ferreira do Zêzere
Freguesia: União das Freguesias de Areias e Pias

Torre situado no cimo de um monte, no Lugar de Pereiro, Areias
É também conhecida por Torre do Langayão, do Langalhão ou da Murta.
Está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1943.
A torre encontra-se rodeada de vegetação.
Outrora torre de menagem duma fortaleza ou atalaia construída na época medieval, da qual apenas subsistem vestígios de duas faces com duas seteiras entaipadas e restos dos cunhais.
Conta uma popular lenda que na torre vivia um gigante e que por lá passava um caminho, o qual as pessoas evitavam passar por medo. Certo dia, um anão que por lá passava foi impedido de prosseguir o seu caminho pelo gigante que o queria assaltar. O anão fez com que este se baixasse, tirou um punhal da bolsa e matou-o. Ao cair fez um enorme buraco, o qual ainda hoje podemos ver. Conta-se que a torre está assombrada pelo gigante ladrão Gayão, que protege o seu tesouro, fruto dos seus assaltos, das mãos alheias. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Casa e Torre do Relógio (Constância)

País: Portugal
Concelho: Constância
Freguesia: Constância

Rua Machado Santos nº 13, Constância.
Casa construída no século XIX no local onde se situava a antiga capela barroca de São Pedro.
A torre, atualmente designada Miradouro do Tempo, é o único vestígio desta antiga capela. Alberga o relógio público de Constância, datado de finais do século XVIII, um dos poucos do seu género a funcionar em Portugal. Trata-se de uma complexa máquina que pesa mais de 100 kg, provavelmente de fabrico francês, que tem a particularidade de ter um só ponteiro, tal como todos os relógios de torre do seu tempo. Em 2002, o relógio foi reparado por um mestre relojoeiro, data em que a autarquia de Constância procedeu à valorização da torre criando o Miradouro do Tempo, de onde é possível obter uma das mais belas vistas da vila de Constância.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Chamusca

País: Portugal
Concelho: Chamusca
Freguesia: União das Freguesias da Chamusca e Pinheiro Grande

Vila da Chamusca.
Situa-se a 27 km a nordeste de Santarém, sede de distrito.
Encontra-se em plena lezíria ribatejana, a 47 metros de altitude, na base do outeiro do Pranto, na margem esquerda do rio Tejo.
O concelho, imenso, integra realidades e paisagens muito diversificadas desde as ricas terras da Borda d´água, das mais férteis da Europa, até à Charneca, na transição para o Alentejo, predominantemente ocupada por floresta.
O município da Chamusca é constituído por 5 freguesias. Confina com os concelhos da Golegã, Vila Nova da Barquinha, Constância, Abrantes, Ponte de Sor, Coruche, Almeirim, Alpiarça e Santarém.

Em 1449 sob a regência de Dom Afonso V, as terras de Chamusca são doadas a Dom Ruy Gomes da Silva, que por essa ocasião aqui fixa a sua residência.
Em 1561 Dona Catarina outorgou-lhe foral e elevou-a à categoria de vila e a sede de concelho.
A partir de 1643, após o reinado dos Filipes, passou a integrar o património da Casa das Rainhas, tendo-se mantido nesta situação até à época liberal (1833).
No século XVIII, o Marquês de Pombal mandou arrancar as Vinhas do Ribatejo, só poupando as da Chamusca, famosas e muito apreciadas na Corte.
Em Maio de 1934 foi aprovado pelo Governo de então, o Brasão de Armas da vila da Chamusca.

A Chamusca tem na Semana da Ascensão e na festa brava, duas das mais significativas e mais belas expressões da sua identidade rural.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Casa dos Patudos

País: Portugal
Concelho: Alpiarça
Freguesia: Alpiarça

Rua José Relvas, Alpiarça.
Mandada edificar em 1904 por José Mascarenhas Relvas, figura notável da vida política e diplomática da I república. O projeto é da autoria de Raul Lino. A sua construção, concluída em 1909, apresenta influências da arquitetura marroquina e neorromânicas. A execução das colunatas, arcos e capitéis decorativos são da autoria do escultor João Machado, da Oficina de Coimbra.
Varandas, arcadas, galerias alpendradas, colunatas, largos e abrigados balcões, assotados e um torreão terminado em obelisco são os aspetos mais salientes da casa.
José Relvas, abastado lavrador e homem de vasta cultura, reuniu valiosas coleções artísticas na sua habitação, que transformou na Casa-Museu dos Patudos.
Conserva quadros de grande interesse artístico da autoria de pintores estrangeiros e nacionais (do século XVI até aos nossos dias), esculturas de bons artistas portugueses (séculos XVIII-XIX), porcelanas, cerâmicas, bronzes, faianças preciosas, azulejos, mobiliário e mais de 40 exemplares de tapetes de Arraiolos e orientais (a coleção mais representativa do género em Portugal).

domingo, 20 de setembro de 2015

Igreja Matriz de Almeirim

País: Portugal
Concelho: Almeirim
Freguesia: Almeirim


Largo Padre Oliveira de Jesus Reis, Almeirim.
Dedicada a São João Baptista.
Templo mandado construir no final do século XV pelo Mestre Henrique, médico da Corte de Dom Manuel I, e ali sepultado. O imóvel era capela do cemitério ali existente.
O interior, de nave única, é coberto por um belo teto em estuque com pinturas representando São João Baptista, da autoria do Mestre Carlos Reis.
No retábulo-mor o destaque vai para a imagem do santo padroeiro, datado do século XVIII.
Alberga ainda sete capelas laterais, a famosa imagem do Senhor Jesus dos Paços e uma singela pia quinhentista (o único vestígio existente do primitivo templo).

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Abrantes

País: Portugal
Concelho: Abrantes

A cidade de Abrantes encontra-se situada numa encosta, a cerca de 800 metros de altitude, na margem direita do rio Tejo.
É muitas vezes designada de Cidade Florida, em boa parte devido à tradição dos concursos das Ruas Floridas, durante os quais a cidade se enfeita de flores. A vocação especial para o culto da flor conferiu-lhe já o título de Cidade Florida de Portugal.
O concelho é um dos maiores do país, constituído por 13 freguesias.

O topónimo Abrantes terá derivado de Aurantes, devido à quantidade de ouro que era retirado das areias do rio.

Desde a época da ocupação romana, quando o seu nome era Tabucci, até ao final da Idade Média, o desenvolvimento do concelho, situado no chamado Médio Tejo, foi sempre ajudado pela sua localização geográfica, tendo sido, ao longo da sua história, um ponto estratégico importante para a segurança da Beira e do Alentejo, integrando-se na linha dos castelos do norte do Tejo durante a Reconquista.
Foi conquistada aos mouros por Dom Afonso Henriques que lhe outorgou o seu primeiro foral em 1179.
Dom Afonso II (1211-1248) restaurou-lhe os meios defensivos e ordenou a construção da Igreja de Santa Maria.
Em 1281 foi doada por Dom Dinis à Rainha Santa.
Em 1385, as terras do concelho foram usadas por Nuno Álvares Pereira e por Dom João I para se reunirem e estacionarem as tropas antes de se dirigirem para Aljubarrota.
Dom João II (1481-1495) e Dom Manuel I (1495-1521) viveram longo tempo no antigo Paço Real de Abrantes, cidade que assistiu ao nascimento de alguns príncipes reais.
No século XVI, era uma das maiores e mais populosas terras do país, ocupando-se sobretudo do comércio fluvial.
Em 1641 foi a primeira terra portuguesa, para além de Lisboa, a proclamar a independência e a aclamar o rei Dom João IV. Por este motivo foi agraciada com o título de Notável.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Vila Nova de Gaia

Portugal \ Porto \ Vila Nova de Gaia


Cidade situada na margem esquerda do rio Douro, junto à sua foz.
O concelho de Vila Nova de Gaia é constituído por 15 freguesias. Confina com os municípios do Porto, Gondomar, Santa Maria da Feira e Espinho.
É o terceiro concelho mais populoso do país.
Historicamente, Gaia é vista como a porta de entrada no Norte do país e, mais concretamente, na cidade do Porto.
É mundialmente conhecida pelo seu papel de entreposto comercial, que exportava o vinho do Porto e recebia mercadorias exóticas no seu cais.

As suas origens remontam ao Paleolítico.
No lugar do Castelo (freguesia de Santa Marinha) existe um morro fronteiro a Miragaia (Porto), onde em tempos passados se fixou um castro, mais tarde transformado pelos árabes em castelo: o berço de Gaia.
Nos inícios de Portugal, quando ainda era chamado Condado Portucalense, existiam duas povoações na margem esquerda do Douro: a Vila de Gaia, mais perto da foz do rio, e o Burgo Velho do Porto, localizado a montante. A separar estas duas urbes medievais encontrava-se a fronteira geográfica da ribeira de Santo Antão. Cada uma tinha a sua própria administração e os seus eleitos.
Em 1255, Dom Afonso III concede foral à então Vila de Gaia, que passa a pagar os impostos diretamente à Corte e não através do bispo do Porto e os seus moradores são dispensados de pagar portagens no Reino.  
Em 1288, Dom Dinis concedeu foral à povoação do Burgo Velho do Porto que, desde aí, começou a ser denominada Vila Nova do Rei e rapidamente se tornou num importante estaleiro e entreposto comercial. Estes privilégios foram essenciais para o crescimento das populações destas localidades e para o aumento da importância do entreposto comercial que, então, constituíam.
Entre 1383 e 1385, os seus interesses ficaram comprometidos quando os dois concelhos foram parcialmente integrados na administração do Porto. O objetivo era pagar as despesas militares da expulsão dos castelhanos que pretendiam usurpar o trono.
Em 1518, Dom Manuel I atribui foral a Vila Nova e a Vila de Gaia, concedendo-lhe novamente estatuto independente a ambas as localidades. Naquele documento, são enaltecidas a pujança agrícola e o povoamento das terras com grandes propriedades e rendimentos.  
Na segunda metade do século XVIII, estabelece-se como uma entidade política e economicamente autónoma, transformando-se numa terra de marinheiros, artífices, mercadores e homens de negócios. A especialização das gentes da margem sul nas artes marítimas e no comércio internacional, assente na exportação dos vinhos do Douro, tornam Vila Nova e Vila de Gaia numa verdadeira metrópole comercial. Foi nesta época que alguns estrangeiros começaram a instalar-se e a adquirir imóveis usados, para apoiar as operações de embarque e para melhor coordenar as operações de comércio e transporte das valiosas mercadorias do vinho do Douro, cuja importância foi reforçada com a instalação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, instalada em Vila Nova por decreto do Marquês de Pombal. Todo o comércio ribeirinho e a instalação de armazéns comerciais na margem esquerda foram motivados, essencialmente, por motivos económicos. Se estes estabelecimentos estivessem localizados no Porto, teriam de pagar os impostos ao bispo daquela cidade, encarecendo bastante mais as suas mercadorias. Data desta altura a toponímia da ribeira fluvial repleta de armazéns e caves que ainda hoje podem ser visitados e são a imagem de marca de Gaia. O desenvolvimento do comércio internacional do vinho potenciou igualmente o desenvolvimento de outras indústrias ligadas à indústria vinhateira, como a cerâmica, a metalurgia, a tanoaria, a cortiça e o vidro.  
A 20 de Junho de 1834, após as guerras entre miguelistas e liberais – e para combater a maior competitividade da cidade do Porto que tinha abolido os impostos a favor do bispo e também como forma de afirmação –, as povoações de Vila Nova e de Vila de Gaia unem-se administrativamente sob a designação de Município de Vila Nova de Gaia.
O clima de florescimento económico que se seguiu favoreceu a primeira tentativa dos gaienses para verem Vila Nova de Gaia elevada a cidade, em 1841, através de um pedido dirigido à rainha Dona Maria II no qual era também solicitado um brasão próprio. Porém, ambas os pedidos são recusados. Uma segunda tentativa efetuada pouco após, logrou a atribuição de um brasão, mas não o estatuto de cidade. Esse só viria a ser atribuído, mais de um século depois, a 28 de Junho de 1984, precisamente na altura em que se preparava para assinalar os 150 anos do seu estabelecimento como município moderno.
Na segunda metade do século XIX, são varas as vozes que se levantam para protestar contra o porto de Gaia, devido ao elevado número de naufrágios que vinham ocorrendo em consequência dos perigos da barra do Douro. É então que se decide construir o porto de Leixões. A construção deste novo local de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias veio afetar em grande medida a vida económica de Vila Nova de Gaia. Cada vez mais navios optam pelo mais seguro porto de Leixões e abandonam o cais de Gaia.
Já no início do século XX, encerram as grandes fábricas de cerâmica e as restantes indústrias deslocalizam-se mais para sul, para perto do porto de Aveiro. O único entreposto que restou e que ainda hoje permanece belo e orgulhoso é o vinho do Porto. E não se imagina que ele alguma vez possa sair daquele local.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Azenha Quinhentista

País: Portugal
Concelho: Vila do Conde
Freguesia: Azurara

Azurara, localizado na margem esquerda do rio Ave e no seguimento de um açude que impede a navegação fluvial, sobranceiro ao Monte de Sant’Ana e em frente ao Mosteiro de Santa Clara que se encontra além-rio.
Moinho de água, em estilo vernáculo, reconstruído na primeira metade do século XVI por ordem dos marqueses de Vila Real. É um dos poucos exemplares deste século que subsistem em Portugal em contexto urbano.
Trata-se de um volume paralelepipédico granítico onde se destacam aberturas chanfradas, cornija com gárgulas em forma de canhão, platibanda coroada de ameias (colocadas em 1950) e brasão dos Marqueses de Vila Real com inscrição sobre a porta principal, orientada a sul. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Igreja Matriz de Valongo

Portugal \ Porto \ Valongo \ Valongo


    Avenida Oliveira Zina, Valongo.

    Dedicada a São Mamede.

    Está implantada em plataforma elevada, cercada por muro em cantaria com gradeamento de ferro.

    Foi iniciada em 1794, no local onde existia a primitiva igreja, de reduzidas dimensões.

    Em 1809 serviu de quartel aos invasores franceses.

    Após a saída das tropas inimigas, sofreu vários acrescentos até que, a 20 de setembro de 1823 foi celebrada a sua primeira missa. No entanto, a sua construção só terminaria em 1835.

    Em 1837, aquando da elevação de Valongo a sede de concelho, a sacristia foi palco das primeiras reuniões camarárias.


A fachada principal, de grandes dimensões, divide-se em três corpos separados por pilastras, correspondendo os laterais às torres sineiras.

    O corpo central é rasgado por um amplo pórtico moldurado com pilastras suportando entablamento, e pelos três janelões do coro, sendo o central de verga curva sobrepujado por frontão e ornamento azulejar com as armas de São Pedro. Sobre a cornija, o corpo é encimado por um frontão de dupla curvatura com a imagem azulejar do padroeiro São Mamede, e coroado por cruz.

    As torres sineiras, de planta quadrangulares e ligeiramente recuadas em relação à frontaria, apresentam dois registos. O primeiro, com painel de azulejos e relógio circular inserido em cartela quadrangular de cantaria. O segundo, rasgado por quatro sineiras em arco de volta perfeita e rematada por guarda de cantaria integrando ao centro balaustres com urnas nos cunhais, sobre o qual se eleva cúpula octogonal em cantaria, rasgada por pequenas sineiras, e coroada por esfera com cruz vazada em ferro.

    Toda a frontaria foi revestida, em 1965, com azulejos monocromos azuis, de composição ornamental de cercadura, sobre fundo branco, ostentando cenas alusivas ao padroeiro São Mamede e alegorias da Eucaristia.

    O interior é constituído por nave única bastante espaçosa e capela-mor profunda. As paredes, separadas por pilastras que se prolongam pela cobertura, estão decoradas com pinturas neoclássicas, datadas de 1884.

    As paredes laterais da nave albergam seis capelas retabulares de estrutura semelhante. Do lado esquerdo são consagradas a São João Batista, a Nossa Senhora da Conceição e ao Sagrado Coração de Jesus, e no lado oposto, a Santo António, Nossa Senhora do Rosário e a Cristo Crucificado.

    O retábulo-mor, em talha dourada e marmoreados, apresenta planta convexa de três eixos definidos por colunas assentes em duas ordens de plintos. O central é composto por grande tribuna em arco pleno, tapada por painel de grandes dimensões representando a Ascensão de Cristo. Termina em frontão triangular com delta luminoso no tímpano e coroado por pelicano.


Painel informativo localizado junto ao monumento, 2014
Painel informativo localizado junto ao monumento, 2019
monumentos.gov.pt (Igreja Paroquial de Valongo / Igreja de São Mamede, 2020)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Mosteiro de São Bento

País: Portugal
Concelho: Santo Tirso
Freguesia: União das Freguesias de Santo Tirso, Couto (Santa Cristina e São Miguel) e Burgães


Largo Abade Pedrosa, Santo Tirso.
Antigo convento beneditino classificado como Monumento Nacional desde 1910.
Foi fundado em 978 por Dona Unisco Godiniz.
Em 1090, no tempo de Soeiro Mendes da Maia, foi construída uma nova casa religiosa. A sua filiação à Ordem Beneditina data deste período. Atualmente, pouco resta do primitivo mosteiro e do seu templo românico.
No início do século XV, por benemerência do Conde de Barcelos, Martim Gil, foi edificado a terceira igreja monástica, constituída por três naves e transepto.
A atual igreja, datada do século XVII, foi construída entre 1659 e 1679, em estilo barroco, sendo o projeto do frei João Turriano. A presente igreja toma da anterior o claustro e irá ocupar a nave central e lateral esquerda, restando da nave direita apenas o acesso ao coro-alto e salas anexas. No interior da igreja é de realçar a riqueza da talha dourada, da imaginária e das alfaias litúrgicas. A ornamentação da talha dourada tem o risco de um dos mais notáveis entalhadores da “escola bracarense” – Frei José de Santo António Ferreira Vilaça. 
O claustro foi reedificado em 1897 a expensas da herança do Conde de São Bento. Tem um belo chafariz ao centro.
Alberga três instituições: a Escola Agrícola Conde de São Bento, a Igreja Matriz e o Museu Municipal Abade Pedrosa.