terça-feira, 29 de novembro de 2016

Capela da Torre (São Vicente de Pereira Jusã)

País: Portugal
Concelho: Ovar
Freguesia: União das Freguesias de Ovar, São João, Arada e São Vicente de Pereira Jusã

Rua da Torre, Lugar da Torre, São Vicente de Pereira Jusã.
Dedicada a São José.
Templo eclético mandado edificar em 1866 pelo Padre José Francisco da Silva Pereira.
Em 1880, António Gomes de Oliveira Santos manda-a ampliar com a capela-mor e no século XX a família Meneres, do Porto, oferece a torre sineira.
Apresenta nave de planta longitudinal, nave lateral, capela-mor e torre sineira adossada à direita da fachada principal.
A fachada principal, revestida com azulejos industriais, é rasgada por portal ladeado por dois postigos e encimado pela janela do coro a que se sobrepõe o nicho sobre cornija com a imagem do padroeiro. Todos os vãos são moldurados e de verga reta. Termina em empena triangular, encimada no vértice por cruz e pináculos sobre os cunhais.
A torre sineira, de planta quadrangular e registo único, termina em cúpula hemisférica coroada por cruz de ferro sobre bola, com pilastras nos cunhais e cimalha de cornija. Em cada face, uma ventana de arco pleno.
No interior, coberto por teto de abóbada arrancado de cornija, é revestido por um lambril de azulejos industriais e pavimento em mármore colocados em 1985. Conserva um coro alto com guarda de balaustrada de madeira, um púlpito do lado do Evangelho com bacia de pedra sobre mísula e guarda plena de madeira entalhada pintada a ouro e marmoreado, e um arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras. 
A capela-mor, coberta por teto de abóbada rebocada e pintada, é revestida por lambril de azulejos, com pavimento de mosaico. Guarda um retábulo de talha dourada de três nichos, mais largo o central, entre duas colunas de fuste espiralado e alto espaldar decorado com putti.

domingo, 6 de novembro de 2016

Castelo de Penela

País: Portugal
Concelho: Penela
Freguesia: União das Freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal

Rua do Castelo, Penela.
Classificado como Monumento Nacional desde junho de 1910. 
Implanta-se sobre uma colina calcária, em posição dominante sobre a vila.
Acredita-se que tem origem numa torre militar romana com a função de vigia da estrada que unia Mérida a Conimbriga e a Braga.
Em 716 foi invadida pelos árabes que aqui erigiram uma alcáçova.
Em 1064 foi tomada por Fernando Magno que a entregou ao conde Dom Sesnando Davides para a repovoar, facto comprovado no seu testamento datado de 1087. Integrava na época a chamada Linha Defensiva do Mondego e tinha como função a guarda avançada de Coimbra.
Em 1116 ou 1117 terá voltado a cair nas mãos dos mouros.
Em 1129 foi reconquistada por Dom Afonso Henriques que o mandou ampliar e converter o castelejo em torre de menagem.
No início do século XIV, Dom Dinis manda edificar a torre de menagem e a cerca da vila, composta por doze torres.
No século XV, o infante Dom Pedro, Duque de Coimbra empreendeu uma grande campanha de obras, com destaque para o Paço Ducal e a reformulação da Igreja de São Miguel, o castelejo e a Porta da Vila.
Em 1755, o Terramoto causou a queda da Torre do Relógio bem como a Porta com o mesmo nome. Para a reconstrução da torre, em 1760, foi sacrificada a pedra desta porta.
No século XX encontrava-se num estado próximo da ruína. A intervenção realizada pela Direção Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais, nas décadas de 1940 e 1950, conferiu-lhe a sua configuração atual. Foram refeitas as muralhas e ameias e desmanteladas as casas adossadas às muralhas bem como a torre sineira setecentista.
O castelo apresenta planta poligonal irregular, de recorte sinuoso, aproveitando o escarpado natural. É constituída pelos estilos sesnadino, românico, gótico (no seu aspeto geral) e manuelino. Alberga no seu interior a Igreja de São Miguel e a casa paroquial/Museu de Arte Sacra.
A Porta da Vila, também chamada de Porta do Cruzeiro, situa-se a sudoeste. Foi erguida no século XV. Apresenta porta em arco pleno, no exterior do qual se começou a estender o arrabalde.
A Porta da Tradição, ou dos Campos, situa-se a nordeste. Foi erguida no século XIV durante a ampliação da cerca do castelo para acesso aos campos. A sua localização dissimulada permitia um trânsito discreto. É composta por uma dupla abertura em cotovelo integrada numa torre quadrangular, de grande eficácia defensiva: para além de dificultar a entrada de rompante das tropas inimigas e a utilização de arietes, encurrala-as num espaço de difícil movimentação, sujeitando-as ao disparo vertical por parte dos defensores do castelo que se encontram no alto das muralhas e torres. Esta saída permite contornar o castelo pelo estreito caminho de ronda entre as muralhas e o despenhadeiro de 90 metros, num percurso de onde se desfruta ampla paisagem envolvente.
Porta do Relógio ou Brecha das Desaparecidas, virada a sul, constitui atualmente a principal entrada no castelo. Era a porta que ligava o arrabalde mais diretamente à igreja. Ficou danificada com o terramoto de 1755 e mais tarde foi demolida. 
O Castelejo ou Torre de Menagem encontra-se no topo do mais alto afloramento rochoso. É o troço mais antigo do castelo, construído entre as décadas de 1070 e 1080 por Dom Sesnando. Esta pequena estrutura de recorte irregular aproveita de forma excecional o acidentado do relevo para garantir a segurança da estrutura. Constituía à época uma fortaleza perfeitamente autónoma, munida de todos os elementos essenciais: panos de muralha, pátio para albergar uma guarnição militar e um número reduzido de portas. No centro situava-se uma ampla cisterna escavada na rocha, para a recolha e armazenamento das águas pluviais, essencial à sobrevivência da população em caso de cerco. Foi Dom Afonso Henriques, após a conquista aos mouros, que a converteu em torre de menagem. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Igreja de São Miguel de Penela

País: Portugal
Concelho: Penela
Freguesia: União das Freguesias de São Miguel, Santa Eufémia e Rabaçal

Igreja situada no interior do castelo de Penela.
Igreja Matriz de Penela.
A mais antiga referência a esta igreja remonta ao foral de Dom Afonso Henriques, datado de 1137. Nela refere a existência de um templo no interior do castelo.
Em 1160 já aparece como invocação a São Miguel.
Cerca de 1420 foi profundamente remodelada pelo infante Dom Pedro, Duque de Coimbra e Senhor de Penela. A grande devoção que Dom Pedro tinha ao Arcanjo São Miguel levou-o a doar à igreja uma relíquia do mártir São Sebastião, uma pequena parte do crânio que o Papa Martinho V lhe tinha oferecido. Deixou escrito em testamento que a relíquia devia ser permanentemente iluminada com o azeite proveniente destes seus domínios. A relíquia acabou por desaparecer, eventualmente, durante as invasões francesas.
A atual edificação resulta de uma ampla reforma na segunda metade do século XVI, em traça renascença coimbrã.
O aspeto exterior que hoje mantém é resultado da intervenção de cerca de 1950, altura em que lhe foi acrescentada a torre para a colocação do relógio, retirado de uma das torres do castelo.
É composta por três naves divididas por duas arcadas, capela-mor, torre sineira e sacristia.
A capela-mor, antecedida por arco triunfal, é toda ela revestida a talha dourada na sua maioria do século XVII ou inícios do XVIII. Conserva painéis laterais com pinturas barrocas representando São Miguel.
Lateralmente ao arco cruzeiro existem dois altares, também de talha dourada barroca. No da esquerda destaca-se uma interessante imagem em pedra de Ançã representando a Virgem com o Menino executada por João de Ruão em data próxima de 1530. Realce ainda para a imagem de Santa Ana executada no século XIV.
A sacristia alberga uma tela representando São Miguel na pesagem das almas, proveniente do altar-mor.
Destaque ainda para uma pia batismal manuelina.