quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Forte de São Neutel

Portugal \ Vila Real \ Chaves \ Santa Maria Maior

Avenida dos Heróis de Chaves, Chaves.
Classificado como Monumento Nacional desde 22 de março de 1938, conjuntamente com o Castelo de Chaves e restos da fortificação abaluartada na cidade, e o Forte de São Francisco.
Foi a configuração do terreno que obrigou à sua construção durante as Guerras da Restauração. A sua edificação, tipo Vauban, foi construída entre 1664 e 1668 sob a orientação do Governador Militar, General Andrade e Sousa.
Em julho de 1912 foi palco de combate entre as forças realistas, comandadas por Paiva Couceiro, e as tropas fieis ao regime republicano.
A partir de 1925 passou a albergar a cadeia comarcã de Chaves, apeada em 1964, sendo a pedra aproveitada nas obras de recuperação do Forte de São Francisco e do muro de suporte do Largo da Lapa.

O traçado geral é relativamente comum, um quadrado com quatro baluartes, de configuração estrelada com dupla linha defensiva e fosso interno, apresentando nos ângulos, guaritas hexagonais. O que lhe dá especial notoriedade são as suas dimensões invulgares, cerca de 200 metros de longo, e o muro na crista da esplanada, que não consta dos tratados de arquitetura militar.
Apresenta uma única entrada, ladeada por possantes pilares, com remates em aleta, os quais amparavam a estrutura da sustentação da ponte levadiça. O portal, em arco de volta perfeita, é encimado por escudo real, ladeado por uma inscrição alusiva à sua edificação e, sobre este, um nicho em arco de volta perfeita.
No interior encontra-se a capela maneirista de Nossa Senhora das Brotas (1611), um antigo edifício militar e um anfiteatro composto por bancadas e palco circular (1994). No fosso interior, junto ao baluarte sudeste, situa-se uma fonte de mergulho. 

domingo, 19 de agosto de 2018

Igreja de Santa Maria Maior de Chaves

Portugal \ Vila Real \ Chaves \ Santa Maria Maior

Praça de Camões, Chaves.
Igreja Matriz de Chaves.
Classificada como Monumento Nacional.
Templo construído no século XII, em estilo românico, sobre a primitiva igreja de Aquae Flaviae, destruída durante as invasões bárbaras.
Em 1258/9 foi beneficiada de obras, ao mesmo tempo que o castelo.
Em 1462, Dom Afonso, Duque de Bragança é enterrado numa campa rasa da igreja.
Em 1561, o licenciado Domingos Gonçalves, prior da igreja, manda, à sua custa, ampliar e beneficiar a igreja e construir a capela-mor, alterando-lhe o estilo para renascentista e maneirista.

A fachada principal é rasgada por um portal maneirista edificado durante a reconstrução do século XVI. Apresenta arco de volta perfeita, ladeada por pilastras suportando frontão triangular e encimada por óculo circular.
A imponente torre, à esquerda, é um dos vestígios que resta da construção original. É rasgada por duas sineiras por face, em arco de volta perfeita, com molduras e frisos de interligação decorados com boleados, motivos vegetalistas e em ziguezague, tendo na fachada principal uma imagem esculpida de Cristo. O portal da torre, precedido por nártex, tem arco de volta perfeita e tímpano liso, com quatro arquivoltas e molduras decoradas com motivos geométricos ou vegetalistas, assentes em colunelos com capitéis esculpidos de estilização vegetal. A torre tem cobertura em coruchéu.
O portal lateral virado para a Praça da República, data também do século XVI, e é mais rico que o principal. É composto por arco de volta perfeita, moldurado e sobrepujado por dois medalhões com as imagens de São Paulo e São Pedro. Está enquadrada por pilastras assente em plintos, suportando frontão triangular, assente em friso com decoração vegetalista enrolada e zoomórfica.
O interior preserva a estrutura medieval, de três naves e cinco tramos, separados por colunas cilíndricas de granito, sob as quais assentam oito arcos de volta perfeita. Tem cobertura em madeira do século XIX, substituindo a original de abóbada de canhão.
À entrada, o coro-alto prolonga-se pelas três naves e tem balaustrada em madeira pintada. A pia batismal é composta por taça monolítica decorada com motivos vegetalistas e o órgão, datado do século XVII, em estilo tardo-barroco, é de influência alemã. Assenta em duas mísulas, típico da organaria nortenha e é composto por três castelos em meia cana, sendo o central mais elevado, com decoração antropomórfica e vegetalista e coreto de barriga curva.
Ao longo da nave rasgam-se seis capelas laterais e duas colaterais, em arco de volta perfeita, albergando retábulos tardo-barrocos. É iluminada por belos vitrais representando cenas da vida de Nossa Senhora.
O arco triunfal, quebrado, é encimado por painéis de azulejos rococós, monocromos azuis sobre fundo branco, dedicados à Assunção da Virgem.
A capela-mor, mandada construir em 1561, apresenta cobertura de abóbada estrelada em pedra polinervada e revestimento de um friso com inscrição. O retábulo-mor é recente e reaproveita elementos de talha em marmoreados fingidos e dourado, de três eixos, definidos por pilastras, que intercalam três nichos, coroada por Calvário. Ladeando o retábulo, do lado do Evangelho, rasga-se um nicho ladeado por pilastras suportando frontão triangular coroado por urnas laterais e cruz central, possuindo no seu interior fundo relevado com estrelas e o sol e, no teto, um querubim. A capela é antecedida por grade de comunhão, em pau-preto e ladeada por capela lateral e sacristia.
A capela do Santíssimo, adossada à capela-mor pelo lado do Evangelho, e comunicando com a mesma, é coberta por cúpula de pendentes com lanternim e teia em pau-preto com inscrição em metal. Alberga retábulo de talha policroma de três eixos. Os painéis de azulejos azuis e brancos, que ladeiam o vão, são rococós e apresentam temática às Virtudes.
Na parede posterior da capela-mor abre-se a meia altura, um nicho que abriga uma imagem de granito representando a padroeira Santa Maria Maior, considerada uma das mais antigas peças da nossa estatuária. Termina em friso com inscrição e cornija com duas gárgulas, reforçada por contrafortes nos cunhais e coroada por pináculos.
Na igreja encontram-se sepultados os lendários irmãos Ruy e Garcia Lopes que conquistaram a cidade aos sarracenos em 1160 e a entregaram a Dom Afonso Henriques. Por este feito, teriam sido recompensados pelo soberano com os domínios da povoação e seu castelo.