Avenida de Dom José Alves Correia da Silva, Fátima.
Um dos mais famosos Santuários Marianos do Mundo.
O Santuário de Fátima é local de devoção a uma escala prodigiosa, um destino de peregrinação a par com Santiago de Compostela ou Lourdes. É visitado anualmente por milhares de peregrinos.
Todos os dias cumprem-se sentidas promessas e devotadas orações. Emocionam as cerimónias do 13 de Maio, evocativas da Primeira Aparição de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos (Jacinta, Francisco e Lúcia), ocorridas neste preciso local (onde se ergue a Cruz e a capela das Aparições) entre esta data e 13 de Outubro de 1917.
Lúcia dos Santos (22 de Março de 1907-2005) e os primos Francisco (1908-1919) e Jacinta (1910-1920), que eram irmãos, costumavam pastar o gado nos terrenos que rodeavam Aljustrel. Segundo os relatos, na Primavera de 1916, enquanto guardavam as ovelhas na Loca do Cabeço, próximo da localidade, apareceu-lhes um anjo. Somente no dia 13 de Maio, quando os pequenos pastores encontravam-se com as ovelhas na Cova da Iria, uma propriedade que pertencia aos pais da Lúcia, apareceu Nossa Senhora pela primeira vez, em cima de uma azinheira pequena, a qual lhes ordenou que voltassem à árvore no mesmo dia durante seis meses. A aparição voltou a acontecer nas datas combinadas, à exceção de Agosto, já que nesse dia, os pastorinhos encontravam-se presos em Vila Nova de Ourém, depois de terem sido levados pela autoridade administrativa do concelho, que não acreditava nas visões das três crianças. Nesse mês, a Virgem apareceu-lhes no dia 19 nos Valinhos. A 13 de Outubro apareceu pela sexta e última vez. Nesse dia, não foram só os pastorinhos que presenciaram algo de sobrenatural. Depois das crianças terem sido desacreditadas, as visões de Fátima começaram a ganhar adeptos e assim se explica a presença de cerca de 70 mil pessoas na Cova da Iria para assistir ao milagre do Sol, que a Virgem já tinha anunciado. Os que ainda são vivos, alguns deles familiares dos pastorinhos e residentes em Aljustrel, nunca mais se esqueceram desse dia em que o Sol ficou diferente. Muitos falam do “milagre do Sol”, mas só Lúcia ouviu os três segredos de Fátima durante a última aparição. O primeiro falava de paz (foi durante a Primeira Grande Guerra) e o segundo era a respeito da Rússia. O terceiro, revelado na beatificação de Francisco e Jacinta a 13 de Maio de 2000, refere-se à tentativa de assassinato do papa João Paulo II em 1981.
Francisco e Jacinta morreram vítimas de pneumónica, que grassava na época e Lúcia seguiu a vida conventual, falecendo em 2005.
Só em
O santuário tem um recinto duas vezes maior do que o de São Pedro, em Roma.
A Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima domina a imensa
esplanada. A sua construção iniciou-se em 13 de Maio de 1928, após ser benzida
pelo arcebispo de Évora, Dom Manuel da Conceição Santos. Foi projetada pelo
arquiteto holandês G. Van Kriecken, em pedra calcária branca da região. A
sagração deu-se a 7 de Outubro de 1953, pelo Papa Pio XII.
A monumental basílica, em estilo
neobarroco, exibe 69
metros de comprimento e 30 metros de largura,
sendo a torre de 65 metros
de altura encimada por uma coroa de bronze com 8 toneladas de peso e duas alas
laterais, onde se encontram dois hospitais. Possui 15 altares de mármore de
Estremoz, de Pêro Pinheiro e de Fátima, dedicados aos 15 mistérios do rosário,
nos quais estão sepultados Jacinta e Francisco Marto, e recentemente Lúcia dos
Santos.
O quadro do altar-mor representa a
Mensagem de Nossa Senhora aos Videntes, preparados pelo Anjo de Portugal,
através do seu encontro com Cristo na Eucaristia. Vêem-se o bispo da diocese,
Dom José de joelhos, do lado esquerdo, e as figuras dos papas Pio XII (que
consagrou o Mundo ao Imaculado Coração de Maria, em 1942), João XXIII e Paulo
VI. Os vitrais representam cenas das aparições e invocações da Ladainha de
Nossa Senhora. Nos quatro cantos do interior da Basílica encontram-se as
estátuas dos grandes apóstolos do Rosário e da devoção ao Imaculado Coração de
Maria: Santo António, Maria Claret, São Domingos de Gusmão, São João Eudes e
São Estêvão, rei da Hungria. Na capela-mor, encontram-se os restos mortais de
Dom José Alves Correia da Silva, primeiro bispo de Leiria-Fátima, depois da
diocese ter sido restaurada. O órgão data de 1952 e tem mais de 10 mil tubos.
A Capelinha
das Aparições é o verdadeiro coração do Santuário, situado na ampla
esplanada fronteira à Basílica, do lado esquerdo, a umas centenas de metros
daquela. Foi o primeiro edifício a ser construído na Cova da Iria, em 1919.
Alberga a imagem de Nossa Senhora, obra do escultor tirsense José Ferreira
Thedim (1920), no local exato onde a Virgem apareceu e onde estava a pequena
azinheira, desaparecida devido à devoção dos primeiros peregrinos que a
levaram, raminho a raminho. A primeira Missa foi ali celebrada no dia 13 de
Outubro de 1921. A 6 de Março de 1922 foi dinamitada, e reconstruída ainda
nesse mesmo ano. Em 1982 foi construído o vasto alpendre, inaugurado aquando da
visita do Papa João Paulo II em 12 de Maio do mesmo ano. No interior, uma coroa
da Virgem guarda a bala extraída ao papa João Paulo II aquando da tentativa de
assassínio.
Foi
debaixo da Azinheira Grande que os pastorinhos
e os primeiros peregrinos rezaram o terço aguardando a chegada de Nossa
Senhora. A azinheira simboliza toda a área onde os pastorinhos costumavam
apascentar o rebanho.
No centro da praça do Santuário encontra-se
o Monumento ao Sagrado Coração de Jesus,
local onde em 1921 brotou água inesperadamente. Ergue-se sobre um poço cavado,
cuja água que ali brota tem sido instrumento de muitas graças.
A Esplanada é um projeto de Cottinelli Telmo, datado de 1949.
O arranjo arquitetónico do Santuário
e da Colunata é datado de 1951, da
autoria de António Lino. A Colunata enquadra a Basílica e abre os braços em
direção à esplanada. É composta por 200 colunas e meias colunas, e por 14 altares.
Sobre esta construção podem ver-se as estátuas de quatro santos portugueses:
São João de Deus, São João de Brito, Santo António e o beato Nuno de Santa
Maria. De um lado e de outro, da esquerda para a direita, encontram-se: Santa
Teresa de Ávila, São Francisco de Jales, beato Marcelino de Champagnat, São
João Baptista de La Salle, São Afonso Maria de Ligório, São João Bosco com São
Domingos Sávio, São Luís Maria Grignion de Mofort, São Vicente de Paulo, São
Simão Stock, Santo Inácio de Loyola, São Paulo da Cruz, São João da Cruz e
Santa Beatriz da Silva. A união da Colunata com a Esplanada é feita por uma
escadaria monumental.
Na extremidade do braço meridional
da colunata situa-se a Capela do Anjo da
Paz, inaugurada em 1987 com o nome de Capela da Oração. Colocada sobre a
porta de entrada eleva-se uma escultura da autoria de Clara Menéres, inaugurada
em 20 de novembro de 2016. Trata-se da imagem do Anjo da Paz, representado por
um vulto de expressão jovem, embrulhado num manto branco, com uma pomba numa
mão e o ramo da oliveira na outra, numa clara referência ao Antigo Testamento.
Na entrada do Santuário, do lado
sul, encontra-se um monumento constituído por um módulo de betão do Muro de Berlim (começado a construir na
noite de 12 para 13 de Agosto de 1961 e demolido a partir de 9 de Novembro de
1989). Este bloco foi oferecido por intermédio de um emigrante português na
Alemanha e aqui colocado como grata recordação da intervenção divina, prometida
em Fátima, na queda do comunismo. Pesa 2600 kg , mede 3,6 metros de altura e 1,2 metros de largura. O
arranjo do monumento é do arquiteto J. Carlos Loureiro. Foi inaugurado em 13 de
Agosto de 1994.
Junto à Reitoria existe um Presépio da autoria do escultor José
Aurélio, inaugurado em 25 de Dezembro de 1999.
A Igreja
da Santíssima Trindade é a última construção erigida no Santuário, da
autoria do arquiteto grego Alexandros Tombazis Foi inaugurada a 12 de Outubro
de 2007. Tem capacidade para nove mil pessoas sentadas. O destaque vai para a
parede do fundo do altar, com mais de 500 m2, que inclui vários
desenhos de inspiração ortodoxa sobre folha de ouro em relevo. A igreja guarda
a primeira pedra oferecida pelo Papa João Paulo II.
A estátua do Papa João Paulo II encontra-se no adro da Igreja do
Santíssimo Sacramento. É uma obra da autoria de Czeslaw Dzwigaj, de
nacionalidade polaca, a mesma do Papa
Peregrino.
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