sábado, 29 de abril de 2017

Mosteiro de Arouca

País: Portugal
Concelho: Arouca
Freguesia: União das Freguesias de Arouca e Burgo

Largo de Santa Mafalda e Avenida 25 de Abril, Arouca.
Dedicada a São Pedro, São Paulo e Santa Maria de Arouca.
Está classificado como Monumento Nacional desde 16 de junho de 1910.
É considerada a maior obra em granito construída em Portugal.
Possui uma arquitetura religiosa pré-românica, barroca e classicista.
Foi fundado pelos irmãos Vandilo e Loderigo, nobres de Moldes e filhos do Senhor de Moldes, possivelmente antes do século VIII, embora a época de construção registe as datas de 915-925.
Em 961, depois da morte de Loderigo e Vandilo, os seus descendentes venderam o direito de padroado a Dom Ansur e Dona Eileuva, senhores do vale de Arouca.
Entre os séculos X ao XI, não era mais do que uma pequena casa para religiosos de ambos os sexos.
A partir do século XI, passou a receber apenas monjas da Ordem Beneditina.
No século XII, com o domínio da congregação religiosa por parte de Dom Toda Viegas e família, a sua riqueza e engrandecimento tornaram-se notáveis.
Ainda neste século, Dom Afonso Henriques concedeu vários privilégios e doações às monjas, como foi o caso das cartas de couto de 1132 e de 1143.
Nos primeiros anos do século XIII, o mosteiro passou para a posse da Coroa.
Em 1210, Dom Sancho I deixou-o em testamento à sua filha Dona Mafalda, que aqui ingressou entre 1217 e 1220, trazendo inúmeros benefícios materiais.
Em 1224, a infanta Santa Mafalda, e rainha por casamento com o rei de Espanha, introduziu nele a regra de Cister ou de São Bernardo, e colocou-a sob a dependência de Alcobaça.
Em 1256, aquando da morte de Dona Mafalda, era considerado um dos mais importantes da Península Ibérica.
Em outubro de 1257 recebeu uma importante doação de Dom Afonso III.
Nos séculos XV e XVI foram realizadas diversas obras de reconstrução e ampliação do mosteiro.
No século XVII o mosteiro arde.
No século XVIII o mosteiro foi muito ampliado. Data deste período a construção do imponente edifício tal como o vemos hoje. 
Em 1834, já como mosteiro feminino, viria a extinguir-se em virtude da lei que aboliu as ordens religiosas, e as monjas que permanecem são despojadas a pouco e pouco do seu património, transitando todos os seus bens para a Fazenda Pública.
Em 1886, após a morte da sua última monja, é criada a Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda, para preservar o culto da padroeira de Arouca e administrar os objetos do convento.   
Do antigo mosteiro do século X e das sucessivas reconstruções medievais, apenas resta um pequeno troço do muro de uma igreja.
Forma um grande retângulo com três pátios interiores de onde se salienta, a norte, a igreja, e, do lado oposto, o antigo celeiro.

A igreja, transformada em Matriz, foi renovada entre 1704 e 1718. É composta por uma capela-mor inserida na tipologia nortenha.
Apresenta um imponente coro com 24 metros de comprimento e 104 esplêndidos cadeirais em talha, datada de 1743. É encimado por 30 pinturas em sumptuosos painéis dourados, a representar a vida de Santa Mafalda e de diversos santos (alguns deles cistercienses). O conjunto é considerado uma das obras-primas da talha portuguesa e do barroco nacional.
Numa das alas da igreja do mosteiro, repousa a urna de Santa Mafalda.
O órgão monumental, datado do século XVIII, é considerado uma raridade. 

Uma grande parte do Mosteiro está ocupado pelo Museu de Arte Sacra, considerado o mais importante espaço nacional particular com estas características, logo a seguir ao da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi criado em 1933, após a morte da última freira, pela Real Irmandade da Rainha Santa Mafalda (RIRSM).

Atualmente é possível ver o duplo claustro em estilo neoclássico, iniciado em 1781, a cozinha, o grande refeitório, a sala do capítulo, revestida de azulejos de Coimbra com cenas rurais, e várias salas com pinturas, tapeçarias, mobiliário, ourivesaria, estatuária, arte-sacra, paramentos, livros litúrgicos, o altar-mor e vitrais.
Contém algumas obras do extinto convento, como manuscritos, alfaias e livros litúrgicos, esplêndidas custódias de prata, móveis, tapeçaria, peças de arte religiosa, a imagem de São Pedro em calcário datada do século XV e ourivesaria com destaque para um tríptico gótico e um relicário de Santa Cruz, também gótico.   
A mais valiosa coleção do Museu são os pergaminhos musicais do século XVIII, usados no coro com iluminuras. São cuidadosos trabalhos artísticos que embelezam a primeira e maior letra dos pergaminhos. Estes documentos estão distribuídos por quatro volumes.
Importa referir um minúsculo díptico relicário românico, em prata dourada do século XI e XII, que se suspeita ter pertencido a Santa Mafalda.
Apresenta uma boa coleção de escultura, com peças do século XV e XVI e do melhor período do barroco do século XVIII.
Na pintura, destaque para os quadros designados de pré-primitivos, duas pinturas de André Gonçalves, do século XVIII, mostrando Santa Mafalda a salvar o convento de um incêndio e pinturas de Diogo Teixeira datadas do século XVI. 
O espaço guarda também uma coleção de paramentaria bordada a ouro.