domingo, 17 de maio de 2020

Igreja de São Francisco do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Rua do Infante Dom Henrique, Porto.
Classificado como Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.
Igreja conventual construída entre 1383 e 1410. É o que resta do antigo mosteiro franciscano fundado em 1245. Trata-se do único exemplar da arquitetura gótica na cidade.
Apresenta, no seu aspeto geral, a feição primitiva, apesar de ao longo dos anos ter passado por muitas reformas. A principal terá acontecido entre 1771 e 1778.
Entre 1810 e 1822, o convento foi ocupado pelas tropas portuguesas que ali instalaram um hospital militar e a 9 de julho de 1832 foi ocupada por um aquartelamento do Batalhão de Caçadores 5.
Em 1833, no final do cerco do Porto, um incendio provocado pelo tiroteio miguelista destruiu parte das instalações conventuais. Uma década depois, foi construído nessas ruínas o Palácio da Bolsa.

A fachada principal é escalonada em três panos, separados por contrafortes, sendo visível apenas dois, pois o da esquerda está encoberto pelo Palácio da Bolsa. O central é rasgado por pórtico de verga reta ladeada por duplas colunas salomónicas que suportam entablamento. Este é encimado por nicho com imagem, ladeado por almofadas em losango, colunelos salomónicos e pilastras. Termina em frontão ondulado interrompido por cruz, flanqueado por pilastras. A grande e bela rosácea que orna a frontaria é composta por colunelos radiantes ligados por arcos. Simboliza a Rota Fortuna. O pano termina em empena, coroado por cruz. O pano lateral é rasgado apenas por fresta de arco quebrado.
A fachada lateral é rasgada por duas frestas maineladas e pórtico em arco quebrado de várias arquivoltas aberto em gablete. Ao nível da nave central rasgam-se cinco janelas.

O transepto, a capela adossada e a cabeceira são reforçadas por contrafortes e rasgadas por frestas ou rosácea, na capela.

O interior apresenta planta em cruz latina, constituída por três naves escalonadas de quatro tramos, transepto saliente e cabeceira tripla.
Possui um dos interiores mais ricos e esplendorosos de todas as igrejas portuguesas, sendo considerada como a mais rica do Norte de Portugal. Famosa pela sua sumptuosa talha dourada dos séculos XVII-XVIII, contendo mais de 200 kg de ouro no seu revestimento escultórico.

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Igreja dos Terceiros de São Francisco do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Largo de São Francisco, Porto.
Encontra-se adossada à Casa do Despacho e à Igreja de São Francisco.
Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco, fundada em 1633, numa capela dos claustros do Convento de São Francisco (local onde hoje se encontra o Palácio da Bolsa).
Data de 1646 a edificação da primeira capela no lugar onde hoje se situa a igreja. O atual templo é uma ampliação datada de 1794, projeto de António Pinto de Miranda, que foi o primeiro a utilizar o estilo neoclássico no Porto.
A frontaria, de dois registos, está dividida em três panos delimitados por colunas avançadas. No piso inferior, o portal é encimado por cartela com inscrição rematada por cornija, estando ladeada pelas estátuas da Humildade (esquerda) e da Penitencia (direita). No registo superior é rasgada, em cada pano, por janelões com gradeamento em losangos, encimadas por cornija com óvulos, iguais às do frontão. Este é formado por tímpano quebrado decorado ao centro por brasão da Ordem encimado por coroa real. É sobrelevada ao centro pela figura da Fé e nas extremidades pelas imagens da Esperança e da Caridade.
O interior, de nave única e capela-mor mais estreita e baixa, tem cobertura em abóbada de berço decorada com estuques relevados e pinturas de temática angélicas. A nave, dividida em seis tramos, é constituída por guarda-vento, coro alto com órgão de tubos, quatro retábulos colaterais (dois em cada parede da nave) e dois púlpitos confrontantes. O arco triunfal, de volta perfeita, é encimado por entablamento sobreposto pelas armas da Ordem e de Portugal, encimados por coroa régia. A capela-mor, dividida em três tramos, é constituída por cadeiral confrontante e retábulo-mor em talha branca e dourada. Este apresenta tribuna em arco pleno, albergando trono de sete degraus, ladeado por dois pares de colunas. É antecedido, ao centro, por sacrário em forma de
templete e, nos extremos, pelas imagens de Santa Margarida Cortona (lado do Evangelho) e de São Luís de França (lado da Epístola). Termina em frontão triangular, rodeado de imagens femininas, encimado no vértice por dois anjos a segurarem cruz latina.
Adossada a todo o comprimento da igreja, do lado do Evangelho, situa-se a sacristia e a capela de Nossa Senhora das Dores, com acesso pelas portas laterais da igreja.
Sob o corpo da igreja, em cripta abobadada assente em arcos plenos, situa-se um cemitério subterrâneo mandado construir em 1795, projeto de António Pinto de Miranda e Vicente Mazzoneschi.

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Igreja e Torre dos Clérigos

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Rua dos Clérigos, Porto.
Classificada como Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.
Um dos expoentes do estilo barroco português, obra do arquiteto italiano Nicolau Nasoni, iniciada a 23 de abril de 1732. Foi edificado no local denominado, à época, de Campo da Cassoa, onde eram enterrados os facínoras que morriam na forca.
Apresenta planta fusiforme, sendo a cota mais baixa a igreja, e no extremo poente, a torre. A unir ambas as construções encontra-se a Casa da Irmandade ou dos Clérigos, onde funcionou o hospital dos Clérigos Pobres.
O projeto inicial contemplava duas torres, no entanto, a Irmandade do Clérigos decidiu, a 1 de dezembro de 1746, construir apenas uma.
A conclusão do edifício da Irmandade e das obras da igreja deu-se por encerradas apenas em 1758.
O projeto e o acompanhamento das obras, por parte de Nasoni, não foram pagas, pois o italiano apenas desejou ser membro da Irmandade. Também, conforme seu pedido, foi sepultado na igreja, em lugar secreto.

A igreja, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, tem forma octogonal, estando a sua fachada, em cantaria, dividida em dois níveis separados por cornija e em três tramos separados por pilastras. É antecedido por escada dupla decorada com vasos floridos e fogaréus.
A porta da fachada, de verga reta, dá acesso à capela subterrânea de Nossa Senhora da Lapa, concluída em 1749. Não dá acesso à igreja.
Sobre a porta eleva-se um amplo janelão curvo ladeado por duas janelas sobrepujadas por decoração vegetalista. No nível superior é constituído por janelão com mitra papal adiantado, ladeado por nichos com as imagens de São Pedro e São Paulo. Termina em frontão interrompido, com tímpano profusamente decorado e cruz de três braços na empena e pináculos nos cunhais.
O alçado lateral é coroado por balaustrada que se prolonga até à capela-mor, de onde se destaca janela com rico emolduramento encimado por frontão interrompido.
O interior tem cobertura em abóbada de nervuras ostentando amplo medalhão ao centro. É ritmada por pilastras que ladeiam quatro capelas com retábulos e sanefas em talha dourada, dois púlpitos e quatro portas encimadas por tribunas com varandas trabalhadas. O arco triunfal, sobrepujado por sanefa de talha dourada, antecede a capela-mor. Esta, coberta por abóbada de cruzaria, alberga dois cadeirais encimados por órgãos e amplo retábulo com trono de mármore, desenhado por Manuel dos Santos.
Originalmente a nave era iluminada por um pesado zimbório envidraçado que, em 1786, rachou a abóbada e acabou por ser removido.

A Casa da Irmandade é constituída por três pisos e mezanino superior. Tem ao centro porta de verga reta com frontão interrompido, janela de sacada curva no segundo piso e, acima desta, balcão sobre cachorros que antecedem janela encimada por frontão.
No edifício situa-se o Museu da Irmandade dos Clérigos, a Sacristia, a Casa do Despacho, a Sala do Cofre e a antiga Enfermaria.

A imponente e emblemática torre sineira, com 76 metros de altura (a mais alta de Portugal), foi edificada entre 1754 e 1763, sendo considerada o ex-líbris da cidade.
Edificada em granito, tem base quadrada e está dividida em seis registos por cornijas e cunhais arredondados. Tem como curiosidade, a existência de dois campanários.
É composta no piso inferior por pórtico encimado por medalhão com um texto de São Paulo na carta aos romanos e, por cima deste, um nicho com a imagem de São Filipe de Nery. Ao nível do segundo registo é composto por janela, enquanto no terceiro alberga sineira com frontão triangular, encimado por medalhão com monograma AM e chaves de São Pedro. É neste piso que se encontra o carrilhão composto por 49 sinos (inaugurado em 24 de junho de 1995), um dos maiores do país. O quarto registo exibe uma moldura e os dois últimos, mais recuados, dispõem de varanda com balaustrada e fogaréus nos cunhais, situando-se no superior, quatro sineiras. Termina em cúpula bolbosa de secção quadrada. 
Para chegar ao topo é necessário percorrer 233 degraus. No entanto, vale bem o esforço e o desafio de subir a sua longa escadaria. A vista sobre a cidade é deslumbrante!