terça-feira, 31 de março de 2020

Mosteiro da Serra do Pilar

Portugal \ Porto \ Vila Nova de Gaia \ União das Freguesias de Santa Marinha e São Pedro da Afurada

Largo de Aviz, Vila Nova de Gaia.
Está implantado no cimo de uma escarpa sobre o rio Douro, chamado de Monte da Meijoeira ou de São Nicolau, em frente à cidade do Porto.
Parte do Mosteiro está ocupado pelo exército.
A igreja e o claustro encontram-se classificados como Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910, enquanto a sala do capítulo, refeitório, cozinha, torre e capela estão declaradas como Imóveis de Interesse Público, decretada a 11 de fevereiro de 1935. O conjunto integra ainda o perímetro do Centro Histórico do Porto, classificado pela UNESCO como Património Mundial da Humanidade, em 1966.
Com o pretexto de que o mosteiro de Grijó estava em ruinas e se situava “num lugar baixo e húmido”, os cónegos Regrantes de Santo Agostinho (crúzios), depois de obterem o acordo do rei Dom João III e o consentimento do bispo do Porto, Dom Frei Baltasar Limpo, fundaram, em 1537, um novo mosteiro sob a invocação do Salvador do Mundo. A primeira pedra foi lançada em 28 de Agosto de 1538 (dia de Santo Agostinho), segundo projeto de Frei Brás de Braga. Foi construído no sítio em que existia uma pequena ermida da invocação a São Nicolau (datada de 1140), que foi mudada para as abas da serra, num plano inferior, muito perto da corrente do rio Douro.
Ainda nesse século recebeu vários monges do Mosteiro de Grijó, da mesma Ordem religiosa.
Em 1563, uma breve do Papa Pio IV manda separar o antigo mosteiro do Salvador de Ecclesiola do novo Salvador da Serra do Pilar, regressando os monges a Grijó.
O mosteiro atual, maneirista, foi iniciado em 1598 e acabado somente em 1672, ficando do primitivo a torre sineira e o dormitório. É constituído por igreja de planta circular, capela-mor, claustro e dependências conventuais. O seu convento com igreja e claustro de planta circular é exemplar único em Portugal.
A igreja, circular, tem alçados de dois registos, separados por cornija ritmados por pilastras, que correspondem mais a contrafortes, decorados por pináculos ao nível do segundo registo e nos telhados, estes intercalados com a balaustrada que coroa a igreja. Nos vários panos abrem-se ao nível do piso inferior, pequenos vãos e, ao nível do andar superior, janelas com forte enxalço. É rasgada por portal de arco pleno, enquadrado por estrutura com quatro colunas que apoiam o entablamento, sobrepujado por nicho ladeado por volutas e frontão triangular interrompido por cruz. O templo é encimado por cúpula com lanternim de cantaria.
O interior da igreja está dividido por duplas pilastras que intercalam capelas com retábulos de talha maneirista. Entre si, duas ou três imagens setecentistas. O arco triunfal, bastante elevado, é ladeado por dois púlpitos com baldaquinos de talha, encimados por nichos com as imagens dos quatro evangelistas. Na capela-mor, coberta em abobada de berço formando caixotões, alberga um retábulo de talha branca e dourada, neoclássica.
A torre dispõe-se no lado esquerdo. É dos poucos vestígios que ficaram do templo anterior.
O claustro, concluído em 1692, é também circular. É composto apenas por um piso com cobertura em abóbada circular de volta inteira com nervura central apoiada em 36 belas colunas jónicas que suportam cornija encimada por platabanda amplamente decorada por almofadas retangulares e rendilhado de volutas e cartelas, intercaladas por pináculos.
O chafariz do claustro segue o modelo dos chafarizes de João Lopes o Velho, tendo sido construído por pedreiros dirigidos pelo filho do mestre.
No início do século XIX, em consequência das invasões francesas, o edifício passou a aquartelamento militar. Mais tarde, durante o Cerco do Porto (1832-1833) os liberais ali instalaram uma bateria.
Do mosteiro obtém-se das melhores panorâmicas sobre o Porto, Gaia e Douro.

sábado, 28 de março de 2020

Monumento a António José D’Almeida (Penacova)

Portugal \ Coimbra \ Penacova \ Penacova

Largo Alberto Leitão, Penacova.
Busto da autoria de Cabral Antunes, inaugurado a 5 de outubro de 1976.
O monumento é constituído pelo busto em bronze, sobre um pedestal que contem uma lápide em pedra com uma inscrição alusiva ao homenageado.
Foi restaurado e colocado neste local a 17 de julho de 2012.
           
Monumento em homenagem ao médico e político Dr. António José D’Almeida (Vale da Vinha [São Pedro de Alva], 17 de julho de 1866 – Lisboa, 31 de outubro de 1929).
Desde a altura em que era estudante de Medicina que defendia ideias republicanas, chegando a ser preso durante três meses.
Após concluir o curso, exerceu a sua profissão em Angola e em São Tomé e Príncipe.
De volta à capital, continuou a defender as suas ideias, voltando a ser preso em 1908.
Em 1910, após a proclamação da República em Portugal, foi nomeado ministro do Interior do primeiro Governo Provisório, tendo reformulado a guarda real e criado a Guarda Nacional Republicana.
Mais tarde fundou o Jornal A República (1911) e o Partido Republicano Evolucionista (1912).
Entre 1916 e 1917 foi nomeado Presidente do Ministério e em 1919 foi eleito como o sexto Presidente da República, cumprindo o seu mandato até 1923, fazendo grandes reformas na Educação, nas leis do Trabalho e da Assistência.
O feriado municipal de Penacova é comemorado na sua data de nascimento. 

segunda-feira, 23 de março de 2020

Sernada do Vouga

Portugal \ Aveiro \ Águeda \ Macinhata do Vouga

Aldeia ferroviária situada a 4 km a norte de Macinhata do Vouga.
É banhada pelo rio Vouga, a poucos metros a jusante da foz do rio Caima.
A povoação é pequena, com ruas íngremes, que sobe da Estação em direção à Capela de Santo Amaro, que se ergue sobranceira.
           
O lugar cresceu no início do século XX, com a construção da linha ferroviária do Vale do Vouga. Era local de interligação para Espinho, Aveiro e Viseu. Além da estação, dispunha de oficinas de manutenção e o casario acabou por prosperar ao seu redor, com a finalidade de albergar as famílias dos trabalhadores ferroviários.
Em janeiro de 1990, com a desativação da linha do Dão (Sernada-Viseu), perdeu parte da sua relevância ferroviária de então.
Possui ainda, em perfeita operacionalidade, as oficinas que garantem as condições do material circulante, sendo um autêntico Museu Vivo, dotada de um espólio rico e muito interessante como comboios a vapor, automotoras ou vagões.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Lagoa de Melides

Portugal \ Setúbal \ Grândola \ Melides

Estrada da Praia de Melides, Melides.
É separada do mar pela faixa de areia que se estende ao longo da costa.
Está incluída na Rede Natura 2000.
Cobre cerca de 26 hectares de grande diversidade de fauna e flora, destacando-se a avifauna, com mais de duas centenas de espécies identificadas.
A oriente, até às imediações da povoação de Melides, estende-se uma várzea, onde predomina a cultura do arroz. Ao seu redor, pinhais.
Encontrando-se em grande parte assoreada, a lagoa esteve ligada ao mar e serviu de porto pesqueiro até ao século XVII.
Dispõe de um Observatório de Aves.
Conta ainda com um percurso, chamado de BioMelides, com cerca de 13 km de extensão, que permite conhecer a natureza em torno da lagoa e os seus ecossistemas. Tem início num dos miradouros da praia de Melides.

Necrópole de Cistas das Casas Velhas

Portugal \ Setúbal \ Grândola \ Melides

Lugar de Casas Velhas, Melides, localizado num local isolado.
Conjunto de sepulturas individuais de tipo “cistas”, da Idade do Bronze (1500-700 a.C.).
Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 17 de julho de 1990.
Foi descoberta na década de 1970 por técnicos do Gabinete de Sines e objeto de escavações por C. Tavares da Silva e Joaquim Soares (do Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal).
A necrópole, cuja real extensão ainda é desconhecida, é composta por dois núcleos de cistas, com uma área aproximada de 30 metros quadrados cada.
As cistas, individuais, de planta retangular ou trapezoidal, são de reduzidas dimensões e constituídas por quatro esteios verticais (dois laterais, maiores, e dois de topo, menores) e divergem na sua dimensão. Eram originalmente cobertas por lajes monolíticas, de contorno sub-retangular.
Os corpos eram depositados nestas cistas em posição fetal e, por vezes, eram acompanhados por espólio constituído por recipientes de cerâmica e/ou pequenos objetos metálicos. 

Dólmen da Pedra Branca

Portugal \ Setúbal \ Grândola \ Melides

Lugar de Vale Figueira, Melides, localizado num local isolado, no alto de uma colina.
Monumento megalítico do Neolítico Final (2700-2500 a.C.) e Calcolítico Final (1250-700 a.C.).
Está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 17 de julho de 1990.
Foi descoberta por L. Trindade e A. Rodrigues (dos Serviços Geológicos de Portugal) e estudada em 1972 pelo arqueólogo O. Da Veiga Ferreira.
É formada por uma cripta poligonal com um diâmetro entre os 3,40 e os 3,85 metros. Era coberta com travessões onde assentava um grande pilar de quartzito, com 2,20 metros, colocado ao centro e atestado pela existência do orifício encontrado na escavação. Dispunha ainda de uma galeria trapezoidal com 3,50 metros de comprimento e 1,50 metros de largura. Do lado esquerdo da cripta existia um compartimento separado.
No seu interior foram encontrados restos mortais de cerca de 65 indivíduos, em posição fetal, com placas ídolos ao pescoço e acompanhados de abundante espólio como pontas de seta de pedra lascada, micrólitos geométricos, placas de xisto gravadas, recipientes de cerâmica de formas variadas e contas discoides de xisto. 

sexta-feira, 13 de março de 2020

Igreja Paroquial de São Miguel de Poiares

Portugal \ Coimbra \ Vila Nova de Poiares \ São Miguel de Poiares

São Miguel de Poiares, localizada numa pequena elevação, ligeiramente afastada do centro da povoação.
É dedicada a São Miguel.
Templo fundado em 1742, em estilo barroco.
A frontaria é rasgada por uma porta de verga reta, encimada na altura do coro, por duas janelas retangulares com friso e cornija, e ao centro, por Imaculado Coração. Sobre uma evidente cornija eleva-se a empena angular mistilínea, abrigando um nicho com a escultura calcária de São Miguel, em estilo gótico. As duas torres estão levemente recuadas e são compostas por um só corpo. Uma das torres possui a data de 1742.
As pedras de cantaria são oriundas da freguesia, da antiga exploração de arenitos vermelhos da serra de Alveite.
No interior, o corpo e a capela-mor são cobertos de abobadas lisas.

sexta-feira, 6 de março de 2020

Monumento a Daniel de Matos Ferreira

Portugal \ Coimbra \ Vila Nova de Poiares \ Poiares (Santo André)

Largo Dr. Daniel de Matos, Vila Nova de Poiares.
Monumento inaugurado a 23 de maio de 1995, em homenagem ao Professor Doutor Daniel de Matos Ferreira (São Miguel de Poiares, 6 de outubro de 1850 - 1921).
Médico, professor da Faculdade de Medicina, Reitor da Universidade de Coimbra e Congressista. Foi médico particular da rainha Dona Maria Pia, Sidónio Pais, Afonso Costa, António José de Almeida e Brito Camacho.
Orador notável, celebrizou-se pela “nobreza de caráter e altas qualidades de inteligência”.
Recebeu várias condecorações portuguesas e espanholas como a Ordem de Isabel a Católica e a Ordem de Mérito Cientifico de Afonso XII.
O seu nome foi dado à Maternidade da Universidade de Coimbra.

Paços do Concelho de Vila Nova de Poiares

Portugal \ Coimbra \ Vila Nova de Poiares \ Poiares (Santo André)

Largo da República, Vila Nova de Poiares.
Construído entre as décadas de 1860 e 1870, em estilo neoclássico, segundo projeto da autoria do Engenheiro Militar, José Carlos de Lara Everard. 
Ostenta na porta principal, a data de 1865. Foram muitos os beneméritos que contribuíram para a sua edificação, em particular Manuel Lourenço Beata Neves.
Em 1957, o edifício foi profundamente alterado.
Edifício de dois pisos, dividido em três tramos por pilastras, sendo o central encimado por frontão triangular com as armas do rei Dom Luís de Portugal, monarca reinante aquando da sua construção. O primeiro piso é composto por duas janelas de cada lado e três portas ao meio, todas em arco. No andar nobre outras três portas de sacada e duas janelas de cada lado que, antes da grande reforma de 1957, eram portas de sacada.
Neste imóvel funcionaram inúmeros serviços para além dos Serviços Municipais: Finanças, Tesouraria, Delegação Escolar, Escolas Primárias (Masculina e Feminina), Conservatório, Notário, Agência Bancária, Correios, Biblioteca, Junta de Freguesia, Bombeiros, Cadeia, ADIP, entre outros.

Vila Nova de Poiares

Portugal \ Coimbra \ Vila Nova de Poiares

Vila Nova de Poiares é conhecida como a Capital Universal da Chanfana.
Situa-se a 21 km a Este de Coimbra, entre as serras do Carvalho, de São Pedro Dias e de Magarrufe, assim como dos rios Alva, Ceira e Mondego.
O concelho é constituído apenas por 4 freguesias. Confina com os municípios de Penacova, Arganil, Góis, Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra.

O povoamento deste território remonta à Pré-História, mais propriamente ao período Neolítico. Os vestígios mais antigos situam-se no alto da serra de São Pedro Dias, local onde se encontra um dólmen.
Do período romano ficaram vestígios de uma das mais importantes vias, que fazia a ligação de Coimbra a Bobadela (Oliveira do Hospital).
Da passagem dos muçulmanos ficaram topónimos como Moura Morta ou Alveite.
Num documento de doação datado de 777, feita pelo rei Ordonho das Astúrias ao Mosteiro de Lorvão, são referidas os povoados de Algazala, Lauredo e Sautelo.
Em maio de 1195, a rainha Dona Dulce, esposa de Dom Sancho I, outorga foral à Albergaria de Poiares e ao Convento de Sam Miguel, referindo os privilégios e deveres destes povos. Atesta-se ainda a existência de diversas casas religiosas e pequenos conventos, como a Casa dos Frades da Concha (Póvoa da Abraveia) e o já referido Convento de São Miguel.
No Tombo de Bens de 1589 da Universidade de Coimbra, confirma-se os diversos foros que esta instituição concedeu aos povoados que atualmente pertencem ao território do concelho, assim como as Juradias de Algaça ou São Miguel.
Em 1590, a cabeça das Terras de Poyares era no lugar de Arrifana.
O concelho de Poiares nasce apenas em 1836, no reinado de Dona Maria II, fruto das reformas de reorganização administrativa implementadas pelo Governo de Passos Manuel. Teve como primeira designação: Santo André de Poyares. As suas fronteiras eram limitadas a sul pelo rio Ceira, possuía a freguesia de Friúmes (atual concelho de Penacova), a freguesia de Semide (Miranda do Corvo) e parte da freguesia de Serpins (Lousã).
Em 1855, durante o reinado de Dom Pedro V, o concelho é “mutilado” passando estas freguesias a fazer parte desses concelhos limítrofes.
Na segunda metade do século XIX, o concelho de Poiares sofreu dois suprimentos, o primeiro em 1866, e o segundo em 1895, tendo sido restaurado em definitivo a 13 de janeiro de 1898, data em que hoje se comemora o feriado municipal.
Em 1905, o rei Dom Carlos elevou Poiares Santo André à categoria de Vila.
Em 1938 obteve as suas armas municipais.

terça-feira, 3 de março de 2020

Igreja Matriz de Poiares

Portugal \ Coimbra \ Vila Nova de Poiares \ Poiares (Santo André)

Largo da República e Praça Luís de Camões, Vila Nova de Poiares.
Dedicada a Santo André.
Construída provavelmente em 1742. Foi objeto de remodelação no século XIX e de forte intervenção no final do século XX.
A fachada, enquadrada por cunhais apilastrados, é rasgada por portal de verga reta encimada por frontão curvo. Termina em empena coroada por pináculos e cruz latina sobre o vértice central.
A torre sineira, à sua direita, é composta por cunhais e empena. Tem a data de 1744 no secular relógio de sol.
O interior guarda cinco altares: o mor, dois colaterais e dois na nave. O retábulo principal, datado do século XVII, é proveniente de um templo de Lisboa e é composto por arco central abrindo para o trono, ladeado por duas colunas emparelhadas e caneladas. Os retábulos colaterais, embora do século XX, são do tipo setecentista final.
Possui ainda um mausóleo, em forma de estela neoclássica dedicada ao Humanista José Vicente Gomes de Moura, falecido em 1854.