domingo, 26 de abril de 2020

Paço Episcopal do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
         
Terreiro da Sé, Porto.
Pomposo palácio classificado como Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.
O primeiro paço terá sido construído no segundo quartel do século XII, beneficiando de obras e ampliações ao longo dos séculos, sendo considerado, inclusive, em finais do século XVII, pelo monge beneditino Frei Manuel Pereira de Novais, como melhor do que qualquer palácio de prelados em toda a Espanha. 
A atual configuração, barroca, remonta às reformas empreendidas entre 1734 e 1771, segundo projeto de Nicolau Nasoni e execução do mestre Miguel Francisco da Silva.
Em 1832, durante o cerco do Porto, o edifício foi muito danificado, chegando a albergar uma bateria de defesa da cidade. A sua reparação deu-se entre 1843 e 1854, durante o bispado de Dom Jerónimo José da Costa Rebelo.
Entre 1916 e 1957 funcionou como sede da Câmara Municipal.
A fachada principal, de três pisos, apresenta pilastras nos cunhais e cornija decorada. É composta por embasamento em cantaria, encimado por mezanino com janelas molduradas, ligadas alternadamente às janelas do primeiro piso. Estas são encimadas por bandeiras aliadas às do piso superior, coroadas com aparatosos frontões, alternadamente diferentes. Ao centro, em estrutura de cantaria, portal de arco pleno ladeado por pilastras e rematado por um frontão guarnecido e por um balcão de recorte elegante sobre o qual se ergue uma janela coroada pelas armas do bispo Dom João Rafael de Mendonça ou dos condes de Vale dos Reis, que interrompe a linha do telhado.
O interior possui um pátio central e uma ampla escadaria composta por três lanços, ricamente ornada, com parapeitos ricamente decorados.

sábado, 25 de abril de 2020

Palácio da Bolsa

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória


Praça do Infante Dom Henrique, Porto.
Sede da Associação Comercial do Porto.
Classificado como Monumento Nacional desde 26 de fevereiro de 1982.
É a casa dos comerciantes e industriais do Porto.
Grandioso palácio ao estilo neoclássico e neopaladino, denotando certa influencia com o Hospital de Santo António, no Porto.
Nasceu no local onde existiu o claustro do Convento de São Francisco, destruído pelas chamas no longínquo ano de 1833, durante o cerco do Porto.
A primeira pedra foi lançada em 6 de outubro de 1842, segundo projeto de Joaquim da Costa Lima. Ainda por terminar, foi inaugurado a 9 de novembro de 1848 e, dois anos depois passou a albergar a Associação. Nas décadas seguintes sucederam-se constantes obras que envolveram o trabalho de muitos arquitetos e se prolongaram até 1910.
Com a implantação da Republica, o Palácio é arrolado e passa a albergar a sede da Câmara Municipal do Porto, sendo restituído à Associação a 10 de janeiro de 1918.

Pátio das Nações é o nome dado ao pátio interior do Palácio da Bolsa. Aqui se reuniam os negociantes e corretores da bolsa.
O pavimento, em mosaico, inspira-se em modelos greco-romanos descobertos em Pompeia.
O primeiro piso é composto por arcos de volta perfeita envidraçados, enquanto o andar nobre é percorrido por balaustrada de ferro e constituído por portas de verga curva e frontão de lanços. É encimado por mezanino com janelas simples.
Os desenhos dos brasões da sanca datam de 1880 e são da autoria de Luigi Manini, sendo finalizados por Silva Pereira e João Batista do Rio. Retratam os países com os quais Portugal mantinha relações comerciais e revelam algumas curiosidades como por exemplo: a bandeira americana, que tem riscas a menos e estrelas a mais para a época; a razão da representação do brasão da Pérsia, visto Portugal não ter relações comerciais com aquele país na época; a substituição do brasão do Shogunato do Japão (terminado em 1868) pelo da Saxónia (atual Alemanha), em homenagem ao rei Dom Fernando II; ou alteração do brasão português, após a implantação da República.
Tem cobertura metálica envidraçada. 

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Pavilhão Rosa Mota

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos


Rua de Dom Manuel II, Porto.
Está inserido no interior dos jardins do Palácio de Cristal.
Corria o ano de 1951 quando foi decidido, pela Câmara Municipal do Porto, construir um recinto desportivo, capaz de acolher a preceito, o Campeonato Mundial de Hóquei em Patins, que se iria realizar na cidade, em 1952. Para isso, foi determinado demolir o emblemático e imponente edifício do Palácio de Cristal, erigido para a Exposição Internacional de 1865, exemplar paradigmático da arquitetura em ferro e vidro do século XIX. Mesmo inacabado (sem cobertura), foi neste novo pavilhão que se realizaram a maioria dos jogos, e Portugal sagrou-se Campeão Mundial da modalidade.
O edifício é da autoria do arquiteto José Carlos Loureiro e começou a ser construído em Fevereiro de 1952. Só ficou finalizado em 1955, com a conclusão da cúpula.
Em 29 de Setembro de 1988, o então Palácio dos Desportos, passou a ser denominado por Pavilhão Rosa Mota, em honra desta portuense campeã do atletismo.
Em 1991 foi alvo de profundas obras.
Entre 2017 e 2019 beneficiou de uma relevante reabilitação, reabrindo a 28 de outubro deste último ano como Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota. O projeto de reconstrução foi assinado pelo arquiteto Ferreira de Almeida. Esta regeneração permitiu reerguer o icónico pavilhão numa sala de espetáculos para grandes eventos, com auditório e quatro salas polivalentes.

O edifício apresenta planta circular, coberta por duplo domo rasgado por 768 óculos, dispostos alinhadamente. Termina noutro domo sobrelevado, criando poço de luz, em betão translucido.
As fachadas são marcadas por pilares de perfil curvo, que suportam pala, criando galeria exterior coberta, circundante.
A nave tem cerca de 30 metros de altura.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Hospital de Santo António

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Rua Professor José Vicente de Carvalho, Porto.
Classificado como Monumento Nacional desde junho de 1910.
Construção iniciada a 15 de junho de 1770, por iniciativa da Santa Casa da Misericórdia do Porto, para substituir o antigo Hospital de Dom Lopo, existente na Rua das Flores. O projeto foi entregue ao arquiteto inglês John Carr, que assim introduziu na cidade, o estilo neopaladiano inglês. As obras só ficaram concluídas em 1824.
Apresenta planta em U, no entanto, o plano original previa quatro fachadas, formando um enorme quadrilátero com um pátio central. Este ambicioso projeto nunca chegou a ser finalizado.
É o edifício português que exibe a maior fachada em granito. Dividida em cinco corpos e rematada superiormente por balaustrada. O andar nobre dispõe também de balaustrada e é rasgado por janelas rematadas por tímpano triangular ou em arco, exceto no alinhamento dos torreões do corpo central, que são ladeadas por colunas e rematadas em arco de volta perfeita. As janelas do piso inferior são em volta perfeita, enquanto as janelas no andar superior, do corpo central, são quadrangulares.
O corpo central, um pouco saliente, é composto por três pisos. O piso inferior é constituído por arcadas sobre as quais se elevam seis colunas dóricas que suportam o entablamento e o frontão. Tem nos cantos, pequenos torreões rasgados por óculo.
Os corpos intermédios, iguais, são rematados por frontão. As janelas do andar nobre dão para um terraço abalaustrado, assente em arcada. No corpo da esquerda está instalado o Museu do Centro Hospitalar do Porto.
Os corpos laterais, também iguais, têm no andar nobre, um recuo. Quatro colunas, similares às do corpo central, sustentam entablamento rematado no corpo esquerdo por estátua de Galeno (autoria de António de Almeida e Costa) e, no direito por estátua de Esculápio.
No século XX, foram edificados a poente, novos blocos hospitalares, em local anteriormente ocupado por jardins e parque de estacionamento. Os novos edifícios estão ligados ao primitivo por corredor coberto.
No pátio central encontra-se uma capela dedicada ao Senhor dos Aflitos.

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Fonte da Ribeira (Porto)

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Praça da Ribeira, Porto.
Localizada entre a Rua de São João e a Rua dos Mercadores.
Classificada como Imóvel de Interesse Público desde 22 de março de 1938.
Monumental fonte de espaldar, construída entre 1783 e 1786, por ordem de João de Almada e Melo. Substituiu uma anterior, datada de 1678, que havia junto à Porta da Ribeira (porta da muralha fernandina) que estorvava, por estar próxima da passagem pública.
Em 1940 beneficiou de restauração.
É precedida por escadaria em leque de cantaria.
A estrutura arquitetónica é constituída por três registos separados em três panos, acompanhando a fachada lateral de um edifício de três andares.
No registo inferior é constituído pela fonte, propriamente dita, com corpo avançado onde sobressaem duas bicas estreladas que brotam água para tanque semicircular.
O segundo registo é composto por nicho central com a imagem de São João, da autoria de João Cutileiro e colocada no nicho a 22 de junho de 2000. Destinou-se inicialmente a receber a imagem de São Pantaleão, que era o padroeiro da cidade, e que lá esteve de facto, até ser roubada. É ladeado por laços e festões.
O superior exibe as armas de Portugal, flanqueada por medalhões decorados com folhas e laço.
O conjunto é sobrepujado por cachorros que suportam a varanda gradeada do terceiro piso do edifício.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Feitoria Inglesa

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Rua do Infante Dom Henrique, na esquina com a Rua de São João, Porto. 
Construída entre 1785 e 1790, segundo projeto do cônsul inglês John Whitehead, inspirado no estilo neopaladiano inglês (neoclássico).
A fachada principal, voltada à Rua do Infante, organiza-se em quatro registos, apresentando no rés-do-chão sete arcos que dão acesso a uma galeria exterior que antecede a entrada principal do edifício. O terceiro piso possui janelões com varandas e frontões, enquanto no segundo e quarto piso possui janelas de menores dimensões. Termina em frontão decorado com festões, ladeada por balaustrada.
No interior, é de salientar a formosa escadaria, com a respetiva claraboia, a sala de baile, e a monumental cozinha (no ultimo andar) que conserva todo o equipamento original e a baixela primitiva.  

Estação Ferroviária de São Bento

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Praça de Almeida Garrett, Porto.
Estação ferroviária de topo de linha.
Classificado como Imóvel de Interesse Público desde 31 de dezembro de 1997. A classificação inclui, além da Estão dos Caminhos-de-ferro, a gare metálica, os painéis de azulejos e a boca de entrada do túnel.
Construção iniciada em 1900, segundo projeto do arquiteto José Marques da Silva, sendo inaugurado a 1 de Maio de 1915 pelo rei Dom Carlos. Foi erguida no local onde existiu o Convento das monjas beneditinas de São Bento de Avé Maria, fundado em 1518 por Dom Manuel I.
O edifício apresenta planta em “U”, com fachada toda em cantaria de granito, simétrica e de grande rigor geométrico. É composta por corpo central mais baixo, que corresponde ao átrio principal e, em cada extremidade, duas torres de três pisos.
Apresenta no amplo átrio, painéis de maravilhosa azulejaria, datados de 1930, da autoria de Jorge Colaço. Constituem um dos símbolos da corrente nacionalista e historicista do azulejo português do século XX, sendo considerado o mais notável conjunto do género existente em Portugal.
Junto ao teto surge um friso policromado de alguns meios de transporte utilizados pelo Homem, emoldurado por faixa em azul e dourado, segundo uma organização geométrica estilizada, com círculos quadripartidos em cruz.
Na parede do topo norte, uma grande composição, a toda a largura, representa o torneio de Arcos de Valdevez com o impressionante choque de dois grupos antagónicos tendo por fundo grupos de outros cavaleiros. Esta composição é monocromática, executada em azul e branco, como todas as que a seguir se descrevem. Num nível inferior, outra composição representa o cumprimento da palavra de Egas Moniz apresentando-se em Toledo perante Afonso VII de Castela e, oferecendo a sua vida, a da mulher e a dos filhos para resgate da palavra dada no cerco de Guimarães.
No topo sul, a composição superior representa a entrada no Porto de Dom João I e de Dona Filipa de Lencastre, a cavalo, para celebrarem o seu casamento. No nível inferior é retratado a conquista de Ceuta, tendo como figura principal o infante Dom Henrique que subjuga os mouros.
No tramo esquerdo da parede da gare, aparece representada a procissão de Nossa Senhora dos Remédios de Lamego e, sob este, dois painéis representando o cumprimento de uma promessa de joelhos (esquerda) e uma ida à fonte (direita).
Os panos centrais da mesma parede representam quatro cenas de trabalho: vindima, ceifa, embarque de vinho no Douro e faina numa azenha.
No tramo direito da parede da gare estão representados a romaria de São Torcato de Guimarães e, sob este, dois painéis representando uma feira de gado (esquerda) e um arraial de romaria (direita).
Em 2011, a revista Travel & Leisure classificou-a como uma das 14 mais belas do Mundo.

domingo, 12 de abril de 2020

Sé Catedral do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Terreiro da Sé, Porto.
Implantada numa elevação denominada Morro da Pena Ventosa.
A Catedral do Porto funciona também como Igreja Paroquial da Sé, dedicada a Nossa Senhora da Assunção.
Está classificada como Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.
Igreja imponente, com aspeto de fortaleza. É a segunda mais antiga catedral de Portugal, iniciada em 1147, durante o bispado de Dom Fernão Martins Pais. Foi a rainha Dona Teresa quem financiou a construção da catedral portucalense e acompanhou a par e passo o andamento das obras, que visitava quase diariamente. Substituiu a primitiva Sé, construída no século XI, situada a sul da atual, de que subsistirá um capitel.
Em 1387, Dom João I e Dona Filipa de Lencastre, escolheram esta catedral para se casarem. Também aqui, se pensa, que foi batizado o infante Dom Henrique.
Ao longo dos séculos, o edifício sofreu várias alterações, mas as mais profundas ocorreram no século XVIII.
As fachadas são em cantaria de granito, rematadas por ameias ornamentais e reforçada por arcobotantes.
O acesso ao portal processa-se por escada de dois lanços divergentes, com arranques zoomórficos serpentiformes, com patamar protegido por guarda de ferro.
A frontaria é composta por corpo central ladeado por duas torres sineiras. O primeiro é constituído por amplo arco de volta perfeita apoiado em pilastras, organizado por portal maneirista ladeado por quatro colunas suportando entablamento, sobre o qual se elevam fragmentos de frontão recortados interrompidos por varandim balaustrado. Sobre este, uma estrutura com nicho contendo a imagem de Nossa Senhora da Assunção, enquadrada por pilastras. Sobrepuja o conjunto, bela e grandiosa rosácea gótica datada do século XIII. O corpo central termina em ameias. É flanqueada por duas torres sineiras com ventanas em arcos de volta perfeita, rematadas por guarda balaustrada e cobertura em cúpula bolbosa pétrea.
O pano lateral que liga a torre sineira norte à galilé é rasgado por nicho com a imagem de granito de São João Nepomuceno, concebida em 1766.
Na fachada voltada a norte, adossada à nave, encontra-se uma loggia ou galilé, em estilo maneirista e barroco, datada de 1736 e atribuída a Nicolau Nasoni. Substituiu uma anterior do tempo do bispo Dom Diogo de Sousa (1496-1505). É aberta por cinco arcos de volta perfeita assentes em pilastras, com guardas balaustradas. Remata em entablamento encimado ao centro por espaldar com cornija quebrada interrompida por pináculo, ladeado por frontões curvos também interrompidos por pináculo piramidal. Próximo aos extremos, a cornija do entablamento eleva-se em semicírculo, coroada por pináculo idêntico aos restantes. No interior, com cobertura abobadada, as paredes são ritmadas por pilastras, sendo os vãos dos arcos constituídos por bancos de espaldar e revestimento azulejar figurativo azul e branco, concebidos em 1934 por João Alves de Sá, com legendas do Apocalipse e dos Salmos. É antecedida por escadaria composta por lanço em leque de acesso a patamar intermédio de onde partem dois lanços divergentes de acesso ao patamar superior.
Possui planta em cruz latina, com três naves de cinco tramos, encimada por abóbada de berço ligeiramente quebrado e iluminada pela enorme rosácea. No topo do transepto situam-se as capelas do Santíssimo Sacramento (lado do Evangelho) e de São Pedro (Epístola). São enquadradas por estrutura de talha dourada, composta por quatro colunas decoradas com motivos fitomórficos.
O coro-alto está assente em arco de volta perfeita suportado por colunas idênticas às da nave, totalmente ocupado pelo grande órgão de tubos, um dos quatro grandes órgãos sinfónicos da cidade, datado de 1855, da autoria de Georg Jan.
O cruzeiro da nave, coberta em abóbada polinervada, é iluminado em três faces por janelas de arco quebrado, em torre lanterna pouco elevada.
Os braços apresentam cobertura em abóbada de berço e têm nos seus topos as capelas de Nossa Senhora do Presépio (Evangelho) e de Santa Ana (Epístola). Ambas estão enquadradas por composição pétrea, composta por arco de volta perfeita, enquadrado por quatro pilastras que suportam entablamento. Este é encimado por tabela retangular vertical, rematado por frontão triangular interrompido e ladeado por aletas. Nos extremos elevam-se pináculos piramidais com bola.
O arco triunfal, de volta perfeita, assenta em par de pilastras de capitel compósito dourado. Está ladeado pelas capelas retabulares colaterais dedicadas a Nossa Senhora de Vandoma (Evangelho) e a Nossa Senhora da Silva (Epístola).
A capela-mor, de estrutura maneirista, é protegida por grade de comunhão. Tem cobertura em abóbada de berço com caixotões pétreos recorrendo a jogo de mármores policromos a preto, branco e rosa. Os janelões que se encontram junto à parede testeira são protegidos por guarda em balaustrada. Adossado às paredes e confrontantes, o cadeiral dos cónegos, em pau-preto, de três filas, encimado por órgãos barrocos em talha dourada, de três castelos, sendo o central proeminente. O retábulo-mor, em talha dourada ao estilo barroco joanino, é definido por cinco colunas torsas, percorridas por espira fitomórfica. Ao centro é constituído por dois vãos sobrepostos, o inferior formando um nicho definido por pilastras contendo o sacrário e sobre este, a tribuna em arco de volta perfeita, com a representação da Santíssima Trindade e Nossa Senhora da Assunção.
No seguimento da fachada desenvolve-se a Casa do Cabido com a capela de São João, o claustro gótico, as capelas de São Vicente e de Nossa Senhora da Piedade, o claustro velho e a sacristia.
O claustro gótico, datado do século XIV, apresenta planta quadrangular e é composto por dois pisos. No inferior é constituído por quatro galerias, com coberturas em abóbadas em cruzaria de ogiva e paredes revestidas a painéis de azulejo figurativos a azul e branco. De cada uma das galerias abrem-se quatro arcos apontados, inscrevendo-se em cada um deles um enorme óculo vazado e três arcos menores, assentes em colunelos geminados. Estão fechados por murete, com acesso central.
No centro do claustro Gótico situa-se um cruzeiro em pedra, assente em três degraus octogonais, onde se eleva o soco, encimado por coluna facetada com peanha adossada albergando a Virgem. É rematado por cruz florenciada com a figura de Cristo na face frontal e Nossa Senhora da Piedade na posterior.
O piso superior do claustro Gótico é protegido por gradeamento simples em ferro. As alas sul e oeste são enriquecidas por painéis de azulejo figurativo azul e branco.
A capela de São Vicente, na ala sudoeste, foi construída entre 1582 e 1591.
O claustro Velho, com acesso a partir da sala Este do claustro Gótico, segue o exemplo da Sé Velha de Coimbra.

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Alfândega Velha do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Rua da Alfândega, Porto.
Museu e Arquivo Histórico Municipal do Porto.
Classificada como Monumento Nacional desde 2 de julho de 1924.
Edifício mandado construir em 1325 por Dom Afonso IV, destinado a armazém da Alfândega Régia e habitação dos seus oficiais. Ao seu redor estavam situadas outras instituições da Coroa Portuguesa, como a Casa da Moeda e a Contadoria da Fazenda.
Também terá sido utilizado como Palácio Real, quando os reis vinham a esta cidade, por isso terá tido a honra de aí ter nascido, na Torre Norte, a 4 de Março de 1394, o Infante Dom Henrique, filho do rei Dom João I e da rainha Dona Filipa de Lencastre. Estes monarcas, em 1387, haviam já escolhido o Porto e a sua Catedral para se casarem.
Constituído por duas torres ameadas separadas por um pátio central, era o edifício de arquitetura civil mais importante da zona ribeirinha.
Os primitivos edifícios foram sucessivamente transformados e envolvidos por outras estruturas posteriores, criando uma complexa justaposição de construções de épocas diferentes. Esta organização dos espaços foi drasticamente reformulada pela obra de 1677.
Manteve-se em funções até 1860, data de construção da nova Alfândega, em Miragaia.
Em 1923 a frontaria foi reedificada e acrescentada mais um piso.
A fachada principal é composta por quatro andares, com janelas de arco conopial e porta de arco pleno encimado pelas armas da coroa e inscrição datada de 1677.
Um pátio, rodeado por amplos arcos, liga o corpo principal aos restantes, que se desenvolvem a uma cércea uniforme mais baixa.
Escavações iniciadas em 1995 permitiram reconstituir a organização medieval das Casas da Alfândega e da Moeda, bem como vestígios de uma construção romana de grandes dimensões com pavimentos em mosaico policromo. 

terça-feira, 7 de abril de 2020

Câmara Medieval do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória


Terreiro da Sé e Rua de São Sebastião, Porto.
Edifício constituído por uma torre contemporânea erigida sobre os vestígios da antiga Câmara, fundada em 1350.
O edifício da Câmara Medieval era constituído por uma casa-torre em cantaria lavrada e ameada, com a fachada principal voltada ao terreiro da Sé.
Em 1784, já em ruinas, o Senado foi transferido para parte do Convento dos Grilos. Nele se terá sedeado a Casa dos Vinte e Quatro.
Em 1795/96, o último piso foi demolido, por se tornar perigoso para a envolvente próxima, sendo a sua pedra aplicada nas obras da Cadeia da Relação.
O imóvel foi sendo alugado a particulares até que sofreu um violento incendio a 25 de abril de 1875, ficando em ruinas.
A controversa Torre foi edificada entre 2000 e 2002, segundo projeto do arquiteto Fernando Távora, recriando o volume da antiga casa-torre e respeitando a sobriedade da construção primitiva. Manteve os 100 palmos de altura, devidamente assinalados no exterior. É parcialmente envidraçada, com fachadas laterais e parte da principal em betão revestido a cantaria. Ostenta na fachada norte a pedra de armas da cidade do Porto. Foi inaugurada a 24 de Outubro de 2003 e gerou forte polémica e esteve mesmo sem destino durante muito tempo. Reabriu a 27 de Setembro de 2005 como Centro de Documentação de seis cidades lusas e galegas (Porto, Guimarães, Angra do Heroísmo, Évora, Lugo e Santiago de Compostela), cujos núcleos históricos foram classificados como Património da Humanidade. Mais tarde foi convertido em Centro de Acolhimento Turístico aos Visitantes.
Os vestígios da primitiva Câmara, de planta irregular, situam-se numa cota inferior, com acesso pela Rua de São Sebastião, sobreposta à muralha românica, no lugar onde se abria a Porta e a Torre de São Sebastião.
A visita ao edifício permite redescobrir a cidade pelo olhar oferecido pela vista impar da enorme janela.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Cadeia e Tribunal da Relação do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Rua de São Bento da Vitória e Campo Mártires da Pátria, Porto.
Alberga o Centro Português de Fotografia.
Classificado como Monumento Nacional desde 1 de março de 2017.
O primeiro edifício da Relação do Porto foi mandado construir por Filipe I, em 1594, obra de Pantaleão Pereira e seu pai Francisco João, ficando concluído em 1608.
Por volta de 1630 sofreu um incendio e a sua reconstrução terá ocorrido na segunda metade do mesmo século.
Em 1765 foi colocada a primeira pedra para a construção de um novo Tribunal da Relação e Cadeia, mandada construir pelo corregedor das Justiças, João de Almada e Melo, segundo projeto de Henrique Ventura de Sousa Lobo. Ficou concluído em 1796.
O imóvel apresenta planta trapezoidal e divide-se horizontalmente em duas zonas, a inferior em aparelho rústico e a superior.
Na fachada principal, voltada para a Rua de São Bento da Vitória, destaca-se o pórtico monumental, dividido em três áreas: o pórtico composto por portada; janelão com varanda; e frontão triangular decorado com as armas reais, encimado por três estátuas, com a do centro simbolizando a Justiça e entre elas, troféus.
No frontispício virado para nordeste existe um fontanário chamado de Fonte da Porta do Olival, por outrora se situar defronte à Porta com o mesmo nome. Sobre esta emergem cinco consolas que sustentam uma varanda resguardada por uma grade de ferro. Por cima da cornija eleva-se as armas reais, flanqueadas de troféus.
Em 1936/7 o tribunal foi transferido para o Palacete do Visconde de Pereira Machado, situado na esquina das ruas Formosa e da Alegria.
Em 1974, foi a vez de a cadeia ser transferida, neste caso para Custóias (Matosinhos).
No interior, além das celas e da sala do Tribunal, existe um conjunto de dependências associadas: capela, enfermaria, cozinha, quartos para os cozinheiros e salas para os guardas.
De entre os presos que passaram por esta cadeia, realça-se o escritor Camilo Castelo Branco que aqui escreveu Amor de Perdição e Memórias do Cárcere na hoje designada Cela de Camilo.
Em dezembro de 1989 foi adjudicado ao arquiteto Humberto Vieira o projeto de recuperação e remodelação do edifício, concluídos em 1993.
Em 1997 instala-se no edifício o Centro Português de Fotografia.

domingo, 5 de abril de 2020

Igreja do Corpo Santo de Massarelos

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos


Largo do Adro, Massarelos, Porto.
Igreja Paroquial de Massarelos.
É dedicada a São Pedro Gonçalves Telmo, protetor dos mareantes.
O atual templo foi edificado a partir de 1776, em estilo barroco. Substituiu a velha e arruinada Ermida da Confraria das Almas do Corpo Santo de Massarelos, fundada por mareantes em 1394.
É composta por nave única e capela-mor retangulares.  
A fachada principal é composta por três panos enquadrados por pilastras, sendo os laterais correspondentes às torres sineiras. Está integramente revestida a azulejos azuis e brancos e é decorada por conchas que encimam as janelas.
O pano central é composto por portal sob nicho envidraçado com a imagem de São Pedro Gonçalves Telmo, ambos encimados por frontão curvo interrompido e ladeados por colunas. Um grande óculo interrompe o entablamento. Termina em empena triangular encimado por cruz com volutas na base e ladeada por fogaréus.
As torres são cobertas em coruchéu encimadas por cruz de ferro.
Apresenta na fachada posterior, voltada para o rio Douro, um painel de azulejos datado de 1960, da autoria de Mendes da Silva, evocando a epopeia marítima de Portugal, onde se destaca as figuras de São Telmo e do Infante Dom Henrique. O navegador fazia parte da Confraria de navegantes fundadora da Igreja, cuja frota foi requisitada por Dom Filipe I para a Invencível Armada.

sábado, 4 de abril de 2020

Igreja Paroquial de Miragaia (Porto)

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Largo de São Pedro de Miragaia, Porto.
Situada no local onde terá existido a primeira Sé do Porto, anterior à Nacionalidade, mas dela só resta a memória conservada numa placa existente na atual igreja.
É dedicada a São Pedro.
Classificada como Imóvel de Interesse Público desde 6 de dezembro de 1958.
Um dos templos mais antigos do burgo, beneficiado em 1672 pelo bispo Dom Nicolau Monteiro.
Em 1740 foi em parte demolida, aproveitando-se apenas a capela-mor e o transepto.
Data de 1873, a ultima remodelação.
A frontaria é resgada por um portal encimado por frontão triangular, interrompido por janelão rematado por emblema papal. Duas pilastras ladeiam-no, prolongando-se até ao topo que termina em frontão triangular. Entre as pilastras centrais e as dos extremos, figuram dois ornatos. Foi revestida a azulejos entre 1863 e 1876.
O interior apresenta planta em cruz latina, nave única e capela-mor. É revestida a azulejos de padrão datados do mesmo período dos do exterior.
A capela-mor é totalmente revestida no teto e paredes a talha dourada dos séculos XVII e XVIII. O inovador teto, fingindo abóbada, é uma das obras mais notáveis de talha do norte de Portugal.
Conserva um tríptico quatrocentista proveniente da antiga Capela do Espírito Santo.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Ribeira do Porto

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Bairro de origem medieval que se estende desde a Sé Catedral até à margem do rio Douro.
É um dos cartões-de-visita do centro histórico da cidade, um lugar onde se respira a memória do Porto e onde a beleza arquitetónica se alia aos espaços de lazer.
O conjunto da Praça da Ribeira e toda a área envolvente está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 22 de novembro de 1971. Faz também parte da zona declarada pela UNESCO, em 1996, como Património da Humanidade. 
A zona é composta por um autêntico labirinto de ruas lajeadas, escadarias, calçadas, casario austero, arcos e pequenos becos, além de inúmeros restaurantes e cafés com esplanadas, e casas típicas de artesanato.

A praça da Ribeira foi o mais importante centro da atividade comercial do Porto, desde os confins da Idade Média até aos começos de oitocentos, altura em que esse protagonismo foi assumido pela então chamada Praça Nova, a atual Praça da Liberdade.
A mais antiga referência à Praça da Ribeira é do ano 1389, numa carta régia que Dom João I enviou à cidade do Porto. No entanto julga-se que já existia, pelo menos, desde 1339, referenciada num testamento. Da leitura deste documento verifica-se que as casas da Praça eram como as da maior parte das ruas do burgo, feitas de madeira e cobertas de colmo.
Em finais do século XV, um incêndio consumiu toda a envolvência da Praça da Ribeira, levando à sua reconstrução em 1497, em pedra e cal e fachadas assentes em cantaria e em colunas, formando arcos, como em Miragaia.
No século XVIII foi transformada como se conhece atualmente, por iniciativa do corregedor João de Almada e Melo e seu filho, Francisco de Almada e Mendonça. O primeiro foi quem determinou a reconstrução da nova praça, segundo projeto desenhado pelo então cônsul inglês no Porto, John Whitehead. As obras foram iniciadas em 1771 e só em 1779 ficaram parcialmente concluídas. João de Almada quis fazer na Ribeira uma imitação, em ponto pequeno, da Praça do Comércio lisboeta. As casas seriam construídas sobre arcadas monumentais mas isso só aconteceu na parte poente da praça, ficando o projeto incompleto. Desta remodelação, apenas foram construídos os referidos edifícios a poente, até à platibanda intermédia, e a monumental fonte de São João que serve de pano de fundo, no lado oposto ao rio. Data ainda dessa época a abertura da Rua de São João, sobre o antigo leito do rio da Vila, hoje completamente subterrâneo, para ligação à zona alta da cidade.
Em 1821/22, foi demolida a Porta da Ribeira e o seu pano de muralha fernandina, que limitava a praça a sul, abrindo a Praça para o rio.

Porto

Portugal \ Porto \ Porto

Cidade sede de concelho e de distrito, situada a 313 km a norte de Lisboa.
É denominada como a capital do Norte e como capital secreta e trabalhadora de Portugal.
Está localizada na margem direita do rio Douro, junto à sua foz. O casario, edificado sobre sólido granito, apresenta cor cinzenta e por vezes prateada, numa sucessão de ondulações graníticas cujas cotas vão dos 80 aos 140 metros, sendo as altitudes extremas de 4 e 163 metros. Fruto da complexidade do terreno, um dos aspetos mais interessantes da cidade é o seu cariz panorâmico e o diálogo com o Douro e Vila Nova de Gaia.
São ribeirinhas as freguesias (de E para O) de Campanhã, Miragaia, Massarelos, Lordelo do Ouro e Foz do Douro. Ficam na orla marítima, além da Foz do Douro, as freguesias de Nevogilde e Aldoar. No extremo norte, além de Aldoar, situam-se Ramalde e Paranhos. Na parte central encontram-se Cedofeita, Vitória e Santo Ildefonso.
Ligada a Vila Nova de Gaia por cinco pontes, a metrópole portuense tem contíguos os concelhos de Matosinhos, Maia e Gondomar.  
O centro histórico da cidade está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, desde 5 de Dezembro de 1996, com base no facto de, nos últimos mil anos, “tem preservado no seu tecido urbano e no conjunto dos seus edifícios históricos um testemunho notável de desenvolvimento de uma cidade europeia que se projeta para o Ocidente na procura dos seus laços culturais e comerciais”. A zona de classificação da UNESCO abrange a parte antiga da cidade – as freguesias da Sé, São Nicolau, Vitória e Miragaia -, e foi ampliada à margem sul do rio Douro, até Vila Nova de Gaia, abrangendo a Ponte de Luís I e o Mosteiro da Serra do Pilar.

Sublinhe-se que o Porto é considerado a capital do estilo barroco em Portugal. É a cidade portuguesa onde a arte barroca ganhou maior e mais significativa expressão. Este estilo carateriza-se, fundamentalmente, pelo aparato das decorações: profusão de colunas salomónicas, palmas, grinaldas, conchas, volutas ou cabeças de anjos.
A paisagem urbana que se avista desde Vila Nova de Gaia do Porto e sua zona ribeirinha é inesquecível.

A cidade ficou a dever a sua prosperidade às boas relações com terras de além-mar e a um comércio florescente do vinho do Porto.
Os primeiros povos aqui chegados ocuparam o monte da Pena, depois chamado Ventosa devido à sua exposição aos ventos, onde viria a erguer-se a atual Sé, por volta do século IX a.C., durante a Idade do Bronze. Utilizavam um pequeno porto, perto da foz do Douro, que mais tarde daria origem ao topónimo Portucale. Para alguns historiadores, o local seria na atual Miragaia, chamando-se Cale, por ser local de “passagem” de barco para a outra margem. E que, a partir de 74 a.C., com a conquista da cidade pelas tropas romanas comandadas por M. Perpena, passou a chamar-se Portus (porto) Cale. Outros referem a existência de dois portos nas duas margens do rio Douro: na margem direita “Portus”, na margem esquerda “Cale”: este estabelecimento duplo ia dar o nome ao futuro país – Portus-Cale, Portugal.