sexta-feira, 1 de maio de 2020

Igreja e Torre dos Clérigos

Portugal \ Porto \ Porto \ União das Freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória

Rua dos Clérigos, Porto.
Classificada como Monumento Nacional desde 23 de junho de 1910.
Um dos expoentes do estilo barroco português, obra do arquiteto italiano Nicolau Nasoni, iniciada a 23 de abril de 1732. Foi edificado no local denominado, à época, de Campo da Cassoa, onde eram enterrados os facínoras que morriam na forca.
Apresenta planta fusiforme, sendo a cota mais baixa a igreja, e no extremo poente, a torre. A unir ambas as construções encontra-se a Casa da Irmandade ou dos Clérigos, onde funcionou o hospital dos Clérigos Pobres.
O projeto inicial contemplava duas torres, no entanto, a Irmandade do Clérigos decidiu, a 1 de dezembro de 1746, construir apenas uma.
A conclusão do edifício da Irmandade e das obras da igreja deu-se por encerradas apenas em 1758.
O projeto e o acompanhamento das obras, por parte de Nasoni, não foram pagas, pois o italiano apenas desejou ser membro da Irmandade. Também, conforme seu pedido, foi sepultado na igreja, em lugar secreto.

A igreja, dedicada a Nossa Senhora da Assunção, tem forma octogonal, estando a sua fachada, em cantaria, dividida em dois níveis separados por cornija e em três tramos separados por pilastras. É antecedido por escada dupla decorada com vasos floridos e fogaréus.
A porta da fachada, de verga reta, dá acesso à capela subterrânea de Nossa Senhora da Lapa, concluída em 1749. Não dá acesso à igreja.
Sobre a porta eleva-se um amplo janelão curvo ladeado por duas janelas sobrepujadas por decoração vegetalista. No nível superior é constituído por janelão com mitra papal adiantado, ladeado por nichos com as imagens de São Pedro e São Paulo. Termina em frontão interrompido, com tímpano profusamente decorado e cruz de três braços na empena e pináculos nos cunhais.
O alçado lateral é coroado por balaustrada que se prolonga até à capela-mor, de onde se destaca janela com rico emolduramento encimado por frontão interrompido.
O interior tem cobertura em abóbada de nervuras ostentando amplo medalhão ao centro. É ritmada por pilastras que ladeiam quatro capelas com retábulos e sanefas em talha dourada, dois púlpitos e quatro portas encimadas por tribunas com varandas trabalhadas. O arco triunfal, sobrepujado por sanefa de talha dourada, antecede a capela-mor. Esta, coberta por abóbada de cruzaria, alberga dois cadeirais encimados por órgãos e amplo retábulo com trono de mármore, desenhado por Manuel dos Santos.
Originalmente a nave era iluminada por um pesado zimbório envidraçado que, em 1786, rachou a abóbada e acabou por ser removido.

A Casa da Irmandade é constituída por três pisos e mezanino superior. Tem ao centro porta de verga reta com frontão interrompido, janela de sacada curva no segundo piso e, acima desta, balcão sobre cachorros que antecedem janela encimada por frontão.
No edifício situa-se o Museu da Irmandade dos Clérigos, a Sacristia, a Casa do Despacho, a Sala do Cofre e a antiga Enfermaria.

A imponente e emblemática torre sineira, com 76 metros de altura (a mais alta de Portugal), foi edificada entre 1754 e 1763, sendo considerada o ex-líbris da cidade.
Edificada em granito, tem base quadrada e está dividida em seis registos por cornijas e cunhais arredondados. Tem como curiosidade, a existência de dois campanários.
É composta no piso inferior por pórtico encimado por medalhão com um texto de São Paulo na carta aos romanos e, por cima deste, um nicho com a imagem de São Filipe de Nery. Ao nível do segundo registo é composto por janela, enquanto no terceiro alberga sineira com frontão triangular, encimado por medalhão com monograma AM e chaves de São Pedro. É neste piso que se encontra o carrilhão composto por 49 sinos (inaugurado em 24 de junho de 1995), um dos maiores do país. O quarto registo exibe uma moldura e os dois últimos, mais recuados, dispõem de varanda com balaustrada e fogaréus nos cunhais, situando-se no superior, quatro sineiras. Termina em cúpula bolbosa de secção quadrada. 
Para chegar ao topo é necessário percorrer 233 degraus. No entanto, vale bem o esforço e o desafio de subir a sua longa escadaria. A vista sobre a cidade é deslumbrante!

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