Portugal \ Porto \ Vila Nova de Gaia
Cidade situada na margem esquerda do rio Douro,
junto à sua foz.
O concelho de
Vila Nova de Gaia é constituído por 15 freguesias. Confina com os municípios do
Porto, Gondomar, Santa Maria da Feira e Espinho.
É o terceiro
concelho mais populoso do país.
Historicamente, Gaia é vista como a porta
de entrada no Norte do país e, mais concretamente, na cidade do Porto.
É mundialmente conhecida pelo seu papel
de entreposto comercial, que exportava o vinho do Porto e recebia mercadorias
exóticas no seu cais.
As
suas origens remontam ao Paleolítico.
No lugar do Castelo (freguesia de Santa
Marinha) existe um morro fronteiro a Miragaia (Porto), onde em tempos passados
se fixou um castro, mais tarde transformado pelos árabes em castelo: o berço de
Gaia.
Nos inícios de Portugal, quando ainda era
chamado Condado Portucalense, existiam duas povoações na margem esquerda do
Douro: a Vila de Gaia, mais perto da foz do rio, e o Burgo Velho do Porto,
localizado a montante. A separar estas duas urbes medievais encontrava-se a
fronteira geográfica da ribeira de Santo Antão. Cada uma tinha a sua própria
administração e os seus eleitos.
Em 1255, Dom Afonso III concede foral à então
Vila de Gaia, que passa a pagar os impostos diretamente à Corte e não através
do bispo do Porto e os seus moradores são dispensados de pagar portagens no
Reino.
Em 1288, Dom Dinis concedeu foral à
povoação do Burgo Velho do Porto que, desde aí, começou a ser denominada Vila
Nova do Rei e rapidamente se tornou num importante estaleiro e entreposto
comercial. Estes privilégios foram essenciais para o crescimento das populações
destas localidades e para o aumento da importância do entreposto comercial que,
então, constituíam.
Entre 1383 e 1385, os seus interesses
ficaram comprometidos quando os dois concelhos foram parcialmente integrados na
administração do Porto. O objetivo era pagar as despesas militares da expulsão
dos castelhanos que pretendiam usurpar o trono.
Em 1518, Dom Manuel I atribui foral a
Vila Nova e a Vila de Gaia, concedendo-lhe novamente estatuto independente a
ambas as localidades. Naquele documento, são enaltecidas a pujança agrícola e o
povoamento das terras com grandes propriedades e rendimentos.
Na segunda metade do século XVIII,
estabelece-se como uma entidade política e economicamente autónoma,
transformando-se numa terra de marinheiros, artífices, mercadores e homens de
negócios. A especialização das gentes da margem sul nas artes marítimas e no
comércio internacional, assente na exportação dos vinhos do Douro, tornam Vila
Nova e Vila de Gaia numa verdadeira metrópole comercial. Foi nesta época que
alguns estrangeiros começaram a instalar-se e a adquirir imóveis usados, para
apoiar as operações de embarque e para melhor coordenar as operações de comércio
e transporte das valiosas mercadorias do vinho do Douro, cuja importância foi
reforçada com a instalação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto
Douro, instalada em Vila Nova por decreto do Marquês de Pombal. Todo o comércio
ribeirinho e a instalação de armazéns comerciais na margem esquerda foram
motivados, essencialmente, por motivos económicos. Se estes estabelecimentos
estivessem localizados no Porto, teriam de pagar os impostos ao bispo daquela
cidade, encarecendo bastante mais as suas mercadorias. Data desta altura a
toponímia da ribeira fluvial repleta de armazéns e caves que ainda hoje podem
ser visitados e são a imagem de marca de Gaia. O desenvolvimento do comércio
internacional do vinho potenciou igualmente o desenvolvimento de outras
indústrias ligadas à indústria vinhateira, como a cerâmica, a metalurgia, a
tanoaria, a cortiça e o vidro.
A 20 de Junho de 1834, após as guerras
entre miguelistas e liberais – e para combater a maior competitividade da
cidade do Porto que tinha abolido os impostos a favor do bispo e também como
forma de afirmação –, as povoações de Vila Nova e de Vila de Gaia unem-se
administrativamente sob a designação de Município de Vila Nova de Gaia.
O clima de florescimento económico que se
seguiu favoreceu a primeira tentativa dos gaienses para verem Vila Nova de Gaia
elevada a cidade, em 1841, através de um pedido dirigido à rainha Dona Maria II
no qual era também solicitado um brasão próprio. Porém, ambas os pedidos são
recusados. Uma segunda tentativa efetuada pouco após, logrou a atribuição de um
brasão, mas não o estatuto de cidade. Esse só viria a ser atribuído, mais de um
século depois, a 28 de Junho de 1984, precisamente na altura em que se
preparava para assinalar os 150 anos do seu estabelecimento como município
moderno.
Na segunda metade do século XIX, são
varas as vozes que se levantam para protestar contra o porto de Gaia, devido ao
elevado número de naufrágios que vinham ocorrendo em consequência dos perigos
da barra do Douro. É então que se decide construir o porto de Leixões. A
construção deste novo local de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias
veio afetar em grande medida a vida económica de Vila Nova de Gaia. Cada vez
mais navios optam pelo mais seguro porto de Leixões e abandonam o cais de Gaia.
Já no início do século XX,
encerram as grandes fábricas de cerâmica e as restantes indústrias
deslocalizam-se mais para sul, para perto do porto de Aveiro. O único
entreposto que restou e que ainda hoje permanece belo e orgulhoso é o vinho do
Porto. E não se imagina que ele alguma vez possa sair daquele local.
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