quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Vila Nova de Gaia

Portugal \ Porto \ Vila Nova de Gaia


Cidade situada na margem esquerda do rio Douro, junto à sua foz.
O concelho de Vila Nova de Gaia é constituído por 15 freguesias. Confina com os municípios do Porto, Gondomar, Santa Maria da Feira e Espinho.
É o terceiro concelho mais populoso do país.
Historicamente, Gaia é vista como a porta de entrada no Norte do país e, mais concretamente, na cidade do Porto.
É mundialmente conhecida pelo seu papel de entreposto comercial, que exportava o vinho do Porto e recebia mercadorias exóticas no seu cais.

As suas origens remontam ao Paleolítico.
No lugar do Castelo (freguesia de Santa Marinha) existe um morro fronteiro a Miragaia (Porto), onde em tempos passados se fixou um castro, mais tarde transformado pelos árabes em castelo: o berço de Gaia.
Nos inícios de Portugal, quando ainda era chamado Condado Portucalense, existiam duas povoações na margem esquerda do Douro: a Vila de Gaia, mais perto da foz do rio, e o Burgo Velho do Porto, localizado a montante. A separar estas duas urbes medievais encontrava-se a fronteira geográfica da ribeira de Santo Antão. Cada uma tinha a sua própria administração e os seus eleitos.
Em 1255, Dom Afonso III concede foral à então Vila de Gaia, que passa a pagar os impostos diretamente à Corte e não através do bispo do Porto e os seus moradores são dispensados de pagar portagens no Reino.  
Em 1288, Dom Dinis concedeu foral à povoação do Burgo Velho do Porto que, desde aí, começou a ser denominada Vila Nova do Rei e rapidamente se tornou num importante estaleiro e entreposto comercial. Estes privilégios foram essenciais para o crescimento das populações destas localidades e para o aumento da importância do entreposto comercial que, então, constituíam.
Entre 1383 e 1385, os seus interesses ficaram comprometidos quando os dois concelhos foram parcialmente integrados na administração do Porto. O objetivo era pagar as despesas militares da expulsão dos castelhanos que pretendiam usurpar o trono.
Em 1518, Dom Manuel I atribui foral a Vila Nova e a Vila de Gaia, concedendo-lhe novamente estatuto independente a ambas as localidades. Naquele documento, são enaltecidas a pujança agrícola e o povoamento das terras com grandes propriedades e rendimentos.  
Na segunda metade do século XVIII, estabelece-se como uma entidade política e economicamente autónoma, transformando-se numa terra de marinheiros, artífices, mercadores e homens de negócios. A especialização das gentes da margem sul nas artes marítimas e no comércio internacional, assente na exportação dos vinhos do Douro, tornam Vila Nova e Vila de Gaia numa verdadeira metrópole comercial. Foi nesta época que alguns estrangeiros começaram a instalar-se e a adquirir imóveis usados, para apoiar as operações de embarque e para melhor coordenar as operações de comércio e transporte das valiosas mercadorias do vinho do Douro, cuja importância foi reforçada com a instalação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, instalada em Vila Nova por decreto do Marquês de Pombal. Todo o comércio ribeirinho e a instalação de armazéns comerciais na margem esquerda foram motivados, essencialmente, por motivos económicos. Se estes estabelecimentos estivessem localizados no Porto, teriam de pagar os impostos ao bispo daquela cidade, encarecendo bastante mais as suas mercadorias. Data desta altura a toponímia da ribeira fluvial repleta de armazéns e caves que ainda hoje podem ser visitados e são a imagem de marca de Gaia. O desenvolvimento do comércio internacional do vinho potenciou igualmente o desenvolvimento de outras indústrias ligadas à indústria vinhateira, como a cerâmica, a metalurgia, a tanoaria, a cortiça e o vidro.  
A 20 de Junho de 1834, após as guerras entre miguelistas e liberais – e para combater a maior competitividade da cidade do Porto que tinha abolido os impostos a favor do bispo e também como forma de afirmação –, as povoações de Vila Nova e de Vila de Gaia unem-se administrativamente sob a designação de Município de Vila Nova de Gaia.
O clima de florescimento económico que se seguiu favoreceu a primeira tentativa dos gaienses para verem Vila Nova de Gaia elevada a cidade, em 1841, através de um pedido dirigido à rainha Dona Maria II no qual era também solicitado um brasão próprio. Porém, ambas os pedidos são recusados. Uma segunda tentativa efetuada pouco após, logrou a atribuição de um brasão, mas não o estatuto de cidade. Esse só viria a ser atribuído, mais de um século depois, a 28 de Junho de 1984, precisamente na altura em que se preparava para assinalar os 150 anos do seu estabelecimento como município moderno.
Na segunda metade do século XIX, são varas as vozes que se levantam para protestar contra o porto de Gaia, devido ao elevado número de naufrágios que vinham ocorrendo em consequência dos perigos da barra do Douro. É então que se decide construir o porto de Leixões. A construção deste novo local de embarque e desembarque de pessoas e mercadorias veio afetar em grande medida a vida económica de Vila Nova de Gaia. Cada vez mais navios optam pelo mais seguro porto de Leixões e abandonam o cais de Gaia.
Já no início do século XX, encerram as grandes fábricas de cerâmica e as restantes indústrias deslocalizam-se mais para sul, para perto do porto de Aveiro. O único entreposto que restou e que ainda hoje permanece belo e orgulhoso é o vinho do Porto. E não se imagina que ele alguma vez possa sair daquele local.

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